7 álbumes esenciales de Blue Note
A Blue Note é sinónimo de jazz do bom. Esta instituição da indústria musical é um dos nomes mais populares entre os amantes de música, especialmente a mais ligada a um dos estilos mais revolucionários da música do século XX.
Com uma história carregada de nomes sonantes e de músicos inovadores - que quase acabava ainda antes de começar -, a Blue Note deu-nos alguns dos melhores momentos gravados em disco. Estes são alguns, escolhidos de entre os melhores álbuns de jazz de sempre.
A História da Blue Note
Mas antes, o que é a Blue Note? Fundada em 1939 por Alfred Lion, um cidadão alemão que fugiu da opressão do regime nazi para viver em Nova Iorque, a Blue Note nasceu depois de Lion ter assistido a um concerto de swing no Carnegie Hall. Ficou tão fascinado com a música que decidiu contactar alguns dos músicos e propor-lhes a gravação de um disco.
Encontrou Albert Ammons e Meade Lux Lewis no novíssimo Café Society e convenceu-os a irem para um estúdio,com tudo pago, gravar aquela música que tanto o tinha fascinado. Nessa mítica primeira sessão fizeram-se 19 takes, mas ultrapassaram o orçamento previsto, pelo que Lions teve que voltar umas semanas mais tarde para pagar a diferença e ficar com as gravações. Ao ouvir os resultados, decidiu que aquela música merecia um público mais vasto e iniciou a sua editora.
O primeiro sucesso vem com o terceiro disco, gravado por Sidney Bechet, que interpretou uma versão de “Summertime”, de Gershwin, vendendo dezenas de discos por dia apenas numa só loja.
A primeira vitória como editora foi editar discos com maior duração, já que o estilo necessitava mais tempo do que os formatos da altura. A segunda, foi promover os seus discos com um marketing inovador e desenvolver uma política assente na importância da música, como declara o seu manifesto:
“A Blue Note Records foi concebida para servir as expressões descomprometidas do hot jazz ou do swing. O hot jazz directo e honesto é uma forma de sentir, uma manifestação musical e social, e a Blue Note Records preocupa-se em identificar o seu ímpeto e não os seus adornos sensacionais e comerciais.”
Ou seja, o que importa é a música e a sua qualidade.
A Blue Note sofreu um interregno na sua atividade durante a Segunda Guerra Mundial, mas voltou em 1944 atenta aos sons modernos que estavam a surgir. Nessa década, a Blue Note editou discos de nomes como Thelonious Monk, Horace Silver, e Miles Davis, criando o cânone para o novo jazz que estava prestes a surgir nos anos 50.
Em 1953, entra em cena Rudy Van Gelder, que passou a gravar os músicos da editora no seu estúdio caseiro, marcando a sonoridade das gravações da Blue Note dessa altura. Até ao início dos anos 60, a Blue Note tinha editado discos de Kenny Burrell, Grant Green, Hank Mobley, John Coltrane, Sonny Rollins, Cannonball Adderley, Freddie Hubbard, Dexter Gordon, entre tantos outros músicos que o tempo tratou de dar o estatuto de lendas.
As décadas de 1950 e 1960 são, provavelmente, as mais brilhantes da história do jazz, e a Blue Note teve um papel fundamental na divulgação deste estilo musical e de lhe dar o ímpeto necessário para que se tornasse num dos géneros mais importantes da música moderna. Depois, porque os gostos mudam, a Blue Note passou a ter menos peso no interesse popular, mas continuou a ser a referência para quem gosta de jazz.
Para acompanhar os tempos, abriram as portas a músicos que misturavam estilos e davam nova roupagem ao jazz, como Julian Lage, Jose James, Gregory Porter, Robert Glasper, Wayne Shorter, ou Rosanne Cash. Sempre em tons de azul.
Por isso, é difícil escolher sete discos de uma coleção que abarca o que de melhor se fez nos últimos 80 anos. Mas vamos tentar e, se tiverem outras sugestões ou preferências pessoais, deixem-nas nos comentários.
Sete álbuns fundamentais da Blue Note
Lee Morgan – The Sidewinder
Um dos maiores sucessos comerciais da Blue Note, The Sidewinder é um disco que dá gosto de ouvir vezes sem conta. O trompetista Lee Morgan lança o álbum com um tema contagiante e que ainda hoje é um dos favoritos dos fãs da Blue Note.
Vejam trompetes no Salão Musical
Art Blakey & the Jazz Messengers – Moanin’
Os Jazz Messengers cumpriram espalharam as boas novas do jazz em grande estilo com Art Blakey na bateria, misturando gospel, soul e hard bop num estilo que expandia cada vez mais o seu vocabulário musical. O tema que dá nome ao álbum é um dos mais reconhecidos e faz parte das primeiras páginas do manual para iniciantes no jazz.
Vejam baterias acústicas no Salão Musical
Eric Dolphy – Out To Lunch
Lançado poucos meses depois da morte de Eric Dolphy, em 1964, Out to Lunch é um dos discos mais importantes da história do jazz. Dolphy toca flauta, clarinete e saxofone, e as cinco composições que compôs para este disco tornaram-se a referência do jazz de vanguarda da época.
Vejam flautas tranversais no Salão Musical
John Coltrane – Blue Train
Coltrane dispensa apresentações e o seu Blue Train foi um casamento perfeito com a Blue Note. Uma das obras mais importantes da era dourada do jazz, foi também o lançamento da carreira a solo de um músico brilhante, cuja influência se mantém até hoje. Outro disco fundamental para quem quer descobrir este estilo musical.
Vejam saxofones no Salão Musical
Grant Green – Idle Moments
A obra maior de Grant Green é Idle Moments, um dos melhores momentos de guitarra jazz que a Blue Note alguma vez editou. Muito bem acompanhado por músicos como Joe Henderson e Bobby Hutcherson, Green brilha e demonstra toda a complexidade e mestria nas seis cordas, e em apenas quatro faixas.
Vejam guitarras elétricas no Salão Musical
Horace Silver – Song For My Father
A carreira de Horace Ward Martin Tavares Silva é das mais interessantes da história do Jazz, pelas influências que levou para o estilo musical mais inclusivo de todos. Filho de pai cabo-verdiano, Horace Silver inspirou-se nas suas raízes e fez um dos discos essenciais da coleção da Blue Note, onde demonstra todo o seu génio. O tema da música que dá nome ao disco é dos mais conhecidos de sempre.
Vejam pianos acústicos e digitais no Salão Musical
Julian Lage - Squint
Para mostrar que o legado da Blue Note vive para além das décadas de 50 e 60 do século passado e que a sua relevância como editora de músicos inovadores é ainda fortíssima, fechamos esta lista com Squint, de Julian Lage. Lage é um dos guitarristas de nova geração que tem tanto de virtuoso como de musical. Com uma fluência rara, é um dos artistas mais recentes a manter a qualidade das edições Blue Note em níveis estratoféricos.
Poucas editoras podem se gabar de ter editado tantos discos fundamentais num só género musical e durante tanto tempo. Esta é uma pequena amostra da ponta do icebergue que é a coleção da Blue Note. Se tiverem outras sugestões, partilhem-nas connosco.
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