Stonebones&Bad Spaghetti - bluegrass nacional
O bluegrass é um estilo tradicional norte-americano, de formato acústico, com raízes no Kentucky. Por isso, talvez seja estranho falar de uma banda de bluegrass portuguesa, mas os Stonebones & Bad Spaghetti são a maior referência do género em Portugal. O que os torna verdadeiramente especiais é como incorporam elementos da nossa música tradicional na interpretação do bluegrass, e fazem algo de novo.
Falámos com André Dal, que toca banjo e dobro na banda, sobre como é que surgiram os Stonebones & Bad Spaghetti.
“Comecei a interessar-me pelo bluegrass quando vi o filme "Fim de Semana Alucinante", em que no início do filme há um duelo musical entre um banjo e uma guitarra. Tive, depois, a felicidade de comprar o CD da música do filme, em que todas as faixas do CD são músicas de bluegrass. A partir daí, fiquei completamente viciado no bluegrass e obcecado por aprender a tocar banjo de 5 cordas. Comprei um banjo em 1997 e nunca mais parei.
Entre professores, muitos CD's e muitas horas dedicadas à aprendizagem do banjo, comecei a ir a festivais de bluegrass na Europa em 2007 mas nunca tive a ideia de formar uma banda. Por cá, muito pouca gente conhece bluegrass e menos gente ainda toca o estilo.”
Em 2009 conhece outro músico, autodidata, que se apaixonou pelo som do banjo e pelo estilo musical:
“Conheci o Nuno Lopes de Paula, no meu local de trabalho, que ficou rendido ao som do banjo. Ele toca guitarra e imediatamente quis procurar mais sobre o estilo. Como ele era de Massamá e eu trabalho em Pedrouços, decidimos nomear a banda de Stonebones (Pedra Ossos-Pedrouços) & Bad Spaghetti (Massa Má-Massamá). Com o irmão dele, Pedro Lopes de Paula, no washboard e Bruno Lourenço no baixo, começámos o nosso trajecto musical.
O bluegrass é o ponto de partida, mas sentimos a presença de outros estilos tradicionais nas músicas da banda. O som dos Stonebones & Bad Spaghetti é também o resultado das influências de todos os músicos que passaram pela banda ao longo dos anos.
“O Nuno Faria, dos Afonsinhos do Condado, tocou connosco e ainda colabora connosco. O Luis Peixoto, grande músico de bandolim que toca em diversos projectos, colaborou connosco. E também nomes menos conhecidos (Carlos André, no violino, Francisco Pires, também no violino, e ainda Bendik Goldstein, violinista americano de ascendência norueguesa).
Com a saída do Nuno, a banda acabou por estabilizar comigo no banjo, Hildebrando Soares (Voodoo Marmelade) na voz e guitarra, Gil Pereira (Mercuriocromos) no contrabaixo e Bruno Lourenço no bandolim, sendo essa a formação actual.”
É também de destacar a participação de duas vozes femininas que deixaram o seu cunho pessoal: Ana Figueiredo (Os Homens da Luta), “uma voz ímpar que também toca flauta, e Ana Margarida, uma fadista reconhecida no meio, de grande potencial.
Com todas estas presenças, era natural o cunho marcadamente português que damos ao nosso som. Abordamos vários estilos e claro que a cultura portuguesa e o fado não podiam deixar de estar presentes, sempre ao estilo bluegrass.”
Mas divulgar o bluegrass em Portugal não é fácil, até por haver um público reduzido que se interesse pelo género. Que dificuldades encontram para dar concertos?
“Posso dizer que não é nada fácil a divulgação do bluegrass em Portugal, bem como o agendamento de concertos. Como o estilo é desconhecido, à sempre uma relutância grande em apostar em nós. Posso dizer que nunca tocámos num festival de músicas no mundo.
Apesar de tudo, já houve e há excepções à regra. A Festa do Avante é especial para nós porque somos sempre bem recebidos. O BB Blues Fest, na baixa da Banheira e o Arredas Folk são festivais que nos deram forças para continuarmos a tentar.
Lá fora é diferente. Existem muitos festivais de bluegrass na Europa e há sempre apostas em bandas que não são conhecidas e/ou que vêm de países onde o bluegrass não tem expressão. Realço o La Roche Bluegrass Festival, França, o maior festival de bluegrass na Europa, o já extinto EWOB Festival, Holanda, o Moniaive Bluegrass Festival, Escócia, o Transblues, parceria entre Guarda e Bejar, Espanha, e o Bluegrass Beeg, na Holanda, entre outros.“
Enquanto vão e vêm de lá para cá a tocar sempre que podem para novos públicos - têm já datas para o Festival Nofugrass, em Nofuentes, Espanha, 28 de julho e o festival Al Ras, em Barcelona, Espanha, 8 e 9 de Novembro, e outro no verão na Ilha Terceira com data a anunciar - os Stonebones & Bad Spaghetti estão a terminar o seu terceiro EP, que deverá sair até ao fim de Maio.
Se ficaram interessados, visitem a página dos Stonebones & Bad Spaghetti, onde podem saber mais sobre a banda e conhecer alguma da sua música. Se ficaram interessados no género, visitem o nosso, onde temos banjos, guitarras, violinos, e desafiem os Stonebones & Bad Spaghetti para um duelo.
An***** **sa 2018-05-10
Para quem quiser tomar contacto com o estilo, pode ouvir ao vivo numa divertida jam que se realiza na 1ª quinta-feira de cada mês, no restaurante Fábulas, Travessa nova de São Francisco (ao Chiado). Quem toca instrumentos ou canta pode participar.