Acidentes em palco
O palco pode ser um lugar perigoso. Procurem no YouTube por acidentes em palco e é um rol de quedas, choques, electrocussões. Alguns eram perfeitamente evitáveis, outros são apenas azar, embora nunca se chegue perceber porque é que há bandas que atiram os instrumentos para cima da bateria e o homem das baquetas que se esquive.
Talvez a culpa seja dos The Who, que foram dos primeiros a destruir amplificadores e guitarras nos seus concertos. O Keith Moon, que não queria ficar atrás dos seus parceiros, decidiu colocar explosivos em volta da sua bateria num programa de televisão, mas exagerou na pólvora. O resultado foi uma explosão que provocou danos auditivos permanentes a Jon Entwistle e que espalhou estilhaços que carregaram consigo até ao fim da carreira.
Também há aqueles momentos cómicos, como o de Krist Novoselic dos Nirvana, que decidiu atirar o baixo ao ar, e agarrá-lo de cabeça. Ou o Bret Michaels que teve um encontro imediato com o cenário.
Depois há os estóicos e altamente profissionais que, apesar de se lesionarem em palco, continuam a cumprir com a sua missão de entreter os fãs. O vocalista dos Kaiser Chiefs, em Paredes de Coura, torceu o pé logo no início do concerto e, apesar das dores, fez o espetáculo até ao fim, sem desiludir o público. O rapaz, que se chama Ricky Wilson, disse a uma revista inglesa que estava estendido no backstage cheio de dores a ser assistido, quando olha para cima e vê o Dave Grohl, dos Foo Fighters, de cerveja na mão a perguntar-lhe: “Então, como vai isso?”. Wilson disse que estava quase a chorar de dores, mas aguentou-se, porque não se pode chorar à frente do Dave Grohl.
Grohl, por acaso, esteve envolvido num incidente na Suécia quando, a meio de uma música, tropeça e cai do palco abaixo. Grohl lá conseguiu pedir um microfone, para dizer “Acho que parti a minha perna. Sim, parti mesmo a perna.” Ainda voltou para cantar o Under Pressure.
Levem isto como um excelente aviso para quem não arruma bem o material em palco.
O vocalista dos Foo Fighters, que por acaso foi companheiro de Krist-atira-baixos-ao-ar-e-apanha-os-à-cabeçada-Novoselic, substituiu o baterista dos Cage the Elephant quando este ficou doente. Parece que não se portou mal, mas Grohl começa a parecer uma pessoa perigosa de se partilhar o palco. Hey, o risco compensa.
Outra substituição famosa foi a de Waylon Jennings, que fez com Johnny Cash uma série de concertos quando Bob Wooton, o guitarrista de Cash, adoeceu a meio da tour no Canadá. Jennings era já uma lenda do country de mérito próprio, e Cash, como explicou na sua biografia, disse que não podia ser ele o guitarrista substituto: “Não, isso não está certo, uma estrela do teu gabarito a tocar para mim.” A verdade é que os dois, que já eram grandes amigos, tiraram o máximo proveito da situação, revelando a identidade de Jennings já com o concerto bem avançado. O público delirava e esses concertos passaram a fazer parte da história da música.
E depois, temos os acidentes fora do palco. O mergulho do Meatloaf para a multidão que se afastou porque não estava para suportar os seus cento e muitos quilos, quedas abaixo de estruturas de luzes, de cima de amplificadores, escorregões como os muitos de Axl Rose mas especialmente o de 1994 em Alvalade. Há quem, literalmente, se atire de cabeça. A estes correu-lhes bem.
O que recomendamos é que tenham cuidado convosco e com os vossos colegas de banda, vejam bem onde estão os pedais, os cabos e os monitores, onde é que acaba o palco e que só mergulhem na parte funda da piscina, e se souberem nadar.
Os concertos são para se divertirem, não para se aleijarem. E, se tiverem algum azar, vejam se há alguém famoso que vos possa substituir por umas datas. Às vezes o Dave Grohl está livre.
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