O que faz de um baixo um baixo?
Não existem perguntas parvas, só gente que tem medo de passar por parvo se as fizer. Se formos ver a origem etimológica de ‘parvo’, descobrimos que vem de parvus,em Latim. E parvus é o contrário de magnus (grande), ou seja, pequeno. Baixo.
Mas o baixo é um grande instrumento, e não estamos a falar do tamanho, mas não vamos por aí porque metade de vocês já estão com um nó na cabeça com esta introdução. A grande pergunta é:
O que faz de um baixo um baixo?
É que, para um instrumento tantas vezes mal compreendido, existem diversas versões: com quatro cordas ou mais (ou menos), com trastes, fretless, com pickups activos, com pickups passivos, as variações são tantas que parecem um exagero para um instrumento que supostamente está lá só para “dar a nota base da harmonia”, ou “encher chouriços”. Conversa de maus ouvidos e fracos apreciadores de enchidos, que não percebem a importância de uma boa linha de baixo.
Um baixo tem um registo mais grave, mais concretamente uma oitava abaixo de uma guitarra. Para obter esse som tem cordas mais grossas, que muito estrago fazem nos dedinhos dos iniciados. É um instrumento que se toca nota a nota, embora se possam fazer acordes mas não é esse o seu propósito. É a ligação entre o ritmo e a harmonia, e o que dá o balanço a uma música e a dinâmica melódica subjacente às progressões.
Imaginem que em vez de um walking bass tocavam apenas a nota raiz dos acordes? São tantas as pulsações que podem dar usando o mesmo ritmo de bateria que podem transformar completamente uma música.
Existem vários mitos sobre tocar baixo e o pior deles todos é que é mais fácil de tocar do que os outros instrumentos. Errado. É fácil de começar a aprender, mas difícil de dominar. Nem mais nem menos que a guitarra, ou a bateria, ou o piano.
Existem baixos de todas as formas e feitios, mas para escolher o vosso tem de pensar no que querem fazer com ele. Se é para ficar ao canto da sala como decoração, escolham um que vá bem com as cortinas ou que seja uma réplica do baixo do vosso baixista favorito. Se é para começar a aprender, existem vários baixos a um preço acessível, de boa qualidade e confortáveis para tocar. Até há packs para não terem que se preocupar com o resto do material necessário.
É claro que baixos mais caros têm melhores madeiras, melhor electrónica, melhores parafusos e ferragens, que lhes dão um melhor som e mais durabilidade. Mas não tocam sozinhos, apenas soam melhor durante mais tempo.
Pickups activos ou passivos?
Outra dúvida que preocupa os baixistas na hora de comprar um novo instrumento é a questão dos pickups: passivos ou activos, que, no fundo, é uma questão de amplificação.
Um pickup passivo não precisa de alimentação elétrica para dar som, como explicámos noutro artigo. O sinal captado não é amplificado na fonte, apenas é transmitido pelo cabo e transformado em som no amplificador.
Um pickup activo é alimentado por uma pilha, e pré-amplifica o sinal captado. Isto permite um maior controlo da estética do som, já que existem mais botões para o controlar a partir do próprio baixo. A escolha reside apenas na vontade que os músicos têm em controlar esses parâmetros sem recorrer a elementos externos, e numa preferência subjectiva de tom que um tipo de pickups dá e o outro não.
Um baixo pode ter mais do que quatro cordas. Mas, há quem precise de frequências mais graves e uma corda extra pode vir a dar jeito. Ou duas. Ou oito. Mas a partir das cinco cordas já não é uma questão de frequências, é uma questão de técnica e opções musicais.
Nada de fretes
Outra coisa que confunde muito quem não toca baixo é que pode não ter trastes. Um fretless tem um braço como um violoncelo ou um contrabaixo, liso, o que permite ter um tom diferente e usar técnicas como o glissando, sem os “saltinhos” que os trastes dão. E podemos ter aquele som típico, o mwah.
Pegamos nestes parâmetros, misturamos tudo, adicionamos ainda os diferentes tamanhos de escala, se são de corpo maciço ou com caixa, e ainda podemos ter um baixo. Fretless, com pickups activos e de 8 cordas. Não acreditam?
Qual é o baixo certo para vocês?
Se estão a começar, um que seja barato, simples, com poucos botões e complicações, que se sintam confortáveis a tocar e a usar (o aspeto estético ajuda muito a manter a motivação).
Se estão num nível mais avançado, o melhor é investirem num instrumento de longo prazo, que tenha as características que necessitam mais vezes. Não vale a pena comprarem instrumentos muito complexos se quatro cordas sobre dois single coils num braço de trastes certinhos chega. Invistam na qualidade dos materiais.
O que importa é que o vosso instrumento se adeque às vossas necessidades, capacidades, e potencial de evolução.
E qual é a diferença entre um baixo de jazz e um baixo normal? É o baixista, ora.
O baixo é um instrumento importantíssimo, fascinante, com imensas técnicas diferentes para aplicar e uma versatilidade musical infinita.
Não sejam parvos e vejam os que temos ao vosso dispor na nossa loja online.