Erros de principiante e maus hábitos
Já vos aconteceu olharem para um músico e avaliarem a sua qualidade sem que tenha tocado uma nota ou chegado sequer ao refrão? Pode ter sido pela forma como segurava o seu instrumento, pela afinação ou pelo tom, mas quem toca há algum tempo reconhece logo os bons e os maus músicos em poucos segundos.
Ou então têm um amigo que começou a aprender a tocar um instrumento ao mesmo tempo que vocês, mas que continua há anos no mesmo nível, e não percebem porquê.
Para não parecerem muito verdes no que estão a fazer, tenham em atenção algumas coisas ainda antes de começarem a tocar, para outras pessoas ou sozinhos em casa.
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Vejam se estão afinados. É um conselho básico, mas muitos músicos, especialmente quando estão sozinhos, estão afinados q.b. Depois admiram-se que as músicas não soam tão bem como deviam ou têm que fazer um esforço extra para obter aquele som ou nota. Temos afinadores, caso precisem.
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O vosso instrumento está em condições? As cordas estão boas? O vosso piano tem tido a manutenção devida? Um instrumento bem calibrado e cuidado faz maravilhas, independentemente do preço que custou.
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Estão a segurar a vossa guitarra / trompete / baquetas / etc na posição correta? A vossa postura é a indicada? Se tiverem atenção a estes pormenores podem, para além de retirarem um melhor som, evitar lesões causadas por uma má posição a tocar.
Outros dos erros mais comuns que acabam por se tornar em maus hábitos e momentos irritantes em salas de ensaios, acontecem enquanto se aprende ou pratica uma música. As causas normalmente são falta de disciplina, de método e de objetivos. É aqui que o ensino formal de música ajuda bastante. Se puderem evitar fazer estas coisas já é um bom princípio.
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Aprender tudo de uma vez: todas as técnicas, todas as escalas, todos os acordes. Comecem pelo básico, comecem devagar, dominem um ponto de cada vez e percebam a sequência lógica que existe na música. O caminho para a perfeição não é uma corrida, é um passo de cada vez a apreciar a paisagem.
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Aprender bocados de músicas: o refrão, ou o solo, ou a intro, ou o bocado de que gostamos mais. Toda a gente faz isso. Se em vez de aprender um bocado de uma música a aprenderem por completo, vão perceber melhor o valor dessa parte de que tanto gostam, como ela se encaixa no todo. Se tocam a introdução de uma música, o vosso público vai ficar à espera que a toquem por completo. Se não passarem daí, a desilusão vai ser enorme.
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Tocar sempre as mesmas coisas. Não tem mal se são fãs de Nirvana, Ramones, Dream Theater ou Ed Sheeran, e estão sempre a tocar as músicas deles. Mas aprendam músicas novas, senão não vão desenvolver nem a vossa técnica nem o vosso sentido musical. Uma coisa é praticar músicas para continuarem memorizadas, outra é porque não se quer tocar mais nada. Expandam regularmente o vosso catálogo musical.
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Mais alto não é mais expressivo. Os principiantes caem muito nesta esparrela. Não se pode sacrificar a musicalidade pela falsa excitação do excesso de volume. Ouçam outros executantes e vejam a interpretação que eles fazem da dinâmica da música. Se calhar não precisam de tocar aquela parte mais alto, mas o resto mais baixo.
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A vossa velocidade está errada. E flutua durante a execução da música. Acontece muito com bateristas, que se entusiasmam no refrão ou naquela parte mais divertida para eles. Mantenham o tempo, a seguir a tocar desafinado, tocar fora de tempo é o maior sinal que ainda estão a aprender.
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Parar a meio das músicas. É normal que nos enganemos numa passagem, por ser mais complexa ou porque nos falhou ali qualquer coisa. Mas aprendam a passar por cima disso. Não repitam a mesma parte em que se enganaram vezes sem conta, até porque aumenta os níveis de ansiedade de cada vez que se aproximam dela. Mais vale saber onde começa a outra, e conhecer a estrutura da música, para poderem improvisar o suficiente para chegarem lá. Mas continuem, da próxima vez acertam.
Agora que sabem o que não devem fazer, saibam o que devem fazer.
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Tenham um bom tom. Isto consegue-se com um instrumento em boas condições, com uma técnica decente, com boa postura. E com ouvidos. Se tocarmos muito tempo sozinhos, o nosso tom degrada-se porque ninguém está a ouvir. Gravem-se (o telemóvel chega), e vejam onde é que o vosso tom está a falhar. O que nos leva ao próximo conselho.
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Gravem-se enquanto praticam ou ensaiam com outros músicos, em áudio ou em vídeo. Isto ajuda-vos a ter melhor consciência do vosso som e da vossa postura.
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Comecem devagar, memorizem, acelerem gradualmente. Ninguém espera que toquem o Vôo do moscardo do Korsakov na velocidade pretendida logo à primeira.
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Usem um metrónomo.
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Pratiquem o que conhecem, mas aprendam sempre músicas novas, técnicas novas. Não passem o tempo satisfeitos a tocar apenas o que já sabem, dediquem tempo ao que ainda não sabem, só assim podem evoluir.
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Toquem para outras pessoas e ouçam-nas. Agradeçam as críticas.
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Acima de tudo, como nunca nos cansamos de lembrar, divirtam-se.
Que outros conselhos têm para quem está a começar a aprender um instrumento, ou para não parecerem uns principiantes, mesmo que toquem há pouco tempo? Partilhem connosco nos comentários. E partilhem os nossos com o vosso amigo que parou no tempo.
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