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Entrevista Palankalama

Publicado por2019-02-27 por 3117
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A definição desta banda começa logo pelo nome, misturando dois animais de continentes diferentes.

A definição desta banda começa logo pelo nome, misturando dois animais de continentes diferentes. O som dos Palankalama segue a mesma lógica, misturando estilos e tradições musicais tão diferentes, que acabamos por não estranhar que haja cavaquinhos e bandolins lá dentro, e que se enquadrem perfeitamente em músicas a roçar mais o jazz e o rock do que o vira.

Falámos com o Pedro João, que toca bandolim, cavaquinho português e guitarra sobre esta figura quase quimérica em forma de banda que são os Palankalama.

Como surgem os Palankalama?

Os Palankalama surgiram em 2014 e são fruto do acaso. Quer isto dizer que são o resultado de um grupo de malta que, mal se conhecendo, se juntou para fazer música. Na verdade, nenhum de nós se conhecia antes da banda, e as pessoas que tocaram e passaram por aqui entraram como desconhecidos e saíram amigos.

Como é que se misturam instrumentos tradicionais portugueses como o cavaquinho e o bandolim com blues, rock, klezmer e jazz? Quais são as vossas influências?

A música que fazemos é o resultado de gostos muito ecléticos. É precisamente esse o denominador comum entre nós e o que mais influencia o nosso som.

As nossas influências são muito diversas, acho que procuramos tirar partido de vivermos no séc. XXI, consumimos música de tempos, geografias e estilos muito diversos. Talvez uma abordagem peculiar a determinado estilo nos agarre mais do que propriamente uma ''linhagem''.

Os instrumentos tradicionais portugueses são um recurso que usamos como outro qualquer. Mas acho que partimos do princípio de que não há só uma solução. Gostamos das suas características técnicas e expressivas e tentamos tirar partido delas, é também uma forma de procurarmos uma certa "tugalidade" porque, para todos os efeitos, somos uma banda de Portugal.

A vossa sonoridade é muito cinemática.

A música que até ao momento temos feito e praticado é toda ela instrumental, e por isso procuramos que seja sugestiva e desperte o imaginário de quem nos ouve. Procuramos também que os nossos materiais gráficos tenham qualidades plásticas que se relacionem com o nosso som.

Nos primeiros concertos que demos chegámos a usar projeção de slides ao vivo, e é um meio que, juntamente com outros meios visuais, gostaríamos de poder incluir nos nossos concertos. Tentamos sempre que cada música seja um convite a um lugar ou situação específica, ainda que fictícia, é uma preocupação que temos.

Mesmo quando compomos, trocamos ideias e referências que muitas vezes não estão directamente ligadas com a linguagem da música, mas mais com uma de narrativa que possa estar em fundo.

Como tem sido o vosso percurso nos palcos? É que cabem tanto em festivais de jazz como de música tradicional, como noutros mais generalistas.

Temos conseguido tocar ao vivo com alguma regularidade, e em contextos bastante diferentes. Temos passado bastante pela Galiza e em 2018 tocámos na Hungria num festival, o que foi uma experiência incrível.

Mas, estranhamente, o centro e sul de Portugal está ainda bastante por descobrir para nós.

A reacção do público que nos ouve ao vivo tem sido bastante positiva, mas alguns canais de programação e divulgação do nosso trabalho estão ainda por lavrar, temos sempre a ideia que passamos mais nas rádios de Espanha do que em Portugal.

O vosso segundo foi financiado por crowdfunding. Como é que isso aconteceu e que dificuldades acham que existem para as bandas nacionais, especialmente aquelas que fogem aos gostos das maiorias?

A edição e gravação do "Boca de Raia", foi preparada por nós num esforço que envolveu chatear muitos amigos, assim como "arriscar" uma campanha de crowdfunding, essencialmente porque sentíamos que tínhamos de lançar esse álbum.  

A grande maioria das músicas que fazem parte desse disco já faziam parte do nosso reportório. Tínhamos o conceito e as músicas, só faltavam os apoios e a vontade exterior de investir. Julgo que a maior dificuldade que as bandas enfrentam, "paradoxalmente", é a de fazer a sua música ser ouvida no meio de tanta música que é feita hoje em dia, pois os meios para produzir alargaram mas a curiosidade em geral não.

Por outro lado muitos canais de divulgação estão entupidos e paralisados por o que uns acham que outros querem ouvir.

Que planos têm para o futuro?

Primeiramente, arrumar e organizar a nossa sala de ensaios. Temos de seguida um terceiro álbum a ser preparado e em fase de concepção. Queremos investir na componente visual do nosso trabalho e,  pelo caminho, ir fazendo amigos que queiram trabalhar e colaborar connosco.

Enquanto os Palankalama arrumam a casa e não lançam mais música cá para fora, podem entrar em contacto com eles e, porque não, convidá-los a viajar ao Centro e Sul do país, de palco em palco.

Os Palankalama são:

Pedro João - Bandolim, Cavaquinho(português), Guitarra

José Ricardo Nogueira - Guitarra

Anibal Beirão - Contrabaixo, baixo eléctrico

Afonso Passos - Bateria, percussão

Podem ser ouvidos no Spotify, e seguidos no Facebook e no YouTube. Vejam também o vídeo que fizeram para a Porta 253.


Se ficaram inspirados em cruzar instrumentos tradicionais portugueses com géneros inesperados, visitem o Salão Musical de Lisboa e vejam a nossa oferta de cavaquinhos, bandolins, guitarras nacionais e regionais, e outros instrumentos tradicionais, todos fabricados em Portugal.  

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