Dia Internacional da Tuba
A primeira sexta feira de Maio é considerada o Dia Internacional da Tuba. Celebrado desde 1979, este dia serve para destacar a importância e o valor de um instrumento que normalmente fica escondido lá para trás da orquestra ou no final da fila da banda.
E sabem porque é que isso acontece? Porque senão abafava toda a gente! Já viram o tamanho e o volume sonoro de uma tuba? Um tubista tem que ter algum arcabouço para a carregar e, se estiver muito à frente, esconde o pessoal das madeiras, ficando só o topo dos fagotes à vista. Não parece ser o melhor instrumento para fazer amigos, especialmente entre os vizinhos, mas é fascinante, desde o seu timbre à sua versatilidade.
A tuba surgiu por volta de 1835 e é um dos mais jovens dos instrumentos da secção de metais. Foi inventada porque faltavam registos graves nas composições sinfónicas da época, e desdobrou-se em várias versões, sempre com o intuito de dar peso ao som de uma orquestra e suporte harmónico.
Filipe Queirós, um tubista português no Brasil e primeira tuba na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, demonstra como funciona este instrumento e o que faz pelo conjunto.
O design de uma tuba é uma coisa complicada. São muitos tubos e curvas, pode ter válvulas ou pistões, que podem ser três, quatro ou cinco, e estarem colocadas em sítios diferentes. Há em quatro afinações diferentes: MI bemol e Fá para tuba baixo, e Dó e SI bemol para as tubas contrabaixo. As tubagens têm normalmente a extensão de cinco metros mas em algumas versões pode ir até aos 14.
Não é um instrumento dado a padrões. Vejam as diferenças entre estes dois modelos, na mesma afinação, da mesma marca. As campânulas até apontam para lados diferentes, mas são duas tubas.
Já pensaram como é que são fabricadas? Este pequeno vídeo mostra o processo, e avisamos já que envolve muita curvatura de tubo e polimento.
Wagner foi um dos compositores que compreendeu melhor as possibilidades da tuba, tendo desenvolvido uma especificamente para alguns temas da sua tetralogia épica O Anel dos Nibelungos. Muitos outros compositores ficaram fascinados com as possibilidades sonoras deste instrumento: Edgar Varèse, Gershwin, Berlioz, e muitos outros compositores desde os sinfónicos aos modernos, incluíram a tuba nas suas obras. Roy Draper usou-a no jazz, o que demonstra a sua versatilidade estilística.
Jorge Salgueiro, o compositor contemporâneo português, criou um concerto para tuba, que podem ver aqui interpretado por Sérgio Carolino, de quem já partilhámos um vídeo onde leva a tuba a altitudes imprevisíveis.
Portugal está bem servido de tubistas, como pudemos ver com os exemplos de Sérgio Carolino e Filipe Queirós e, recentemente, o do jovem tubista de Leiria que foi escolhido para integrar uma orquestra europeia. Também damos cartas nos metais graves, pelos vistos.
Muita gente acha que a tuba só serve para fazer oomp-paah, oom-paah como se fosse um senhor de meia idade com excesso de peso a marcar o passo para toda a gente, e não imaginam que pode brilhar com a destreza de um violino, transformar-se num helicóptero, num didgeridoo ou numa beatbox. Se não acreditam, conheçam Øystein Baadsvik, um daqueles músicos que faz com que a tuba seja um instrumento fascinante e sem limites. Ou um tubista que faz com que a música seja uma coisa fascinante e sem limites.
Seja por amor a alguém ou apenas porque é a única vaga na orquestra, a tuba merece o vosso respeito e admiração. Admirem as que temos no Salão Musical de Lisboa, e escolham a vossa.