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Lavoisier em entrevista

Publicado por2019-09-09 por 3914
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Os Lavoisier são Patrícia Relvas e Roberto Afonso, cúmplices criativos que encontraram em Berlim o espaço para desenvolver a sua música

Os Lavoisier são Patrícia Relvas e Roberto Afonso, cúmplices criativos que encontraram em Berlim o espaço para desenvolver a sua música, lançando a partir de lá o seu primeiro álbum homónimo em 2012, que apresenta matizes tão díspares como a tradição popular portuguesa e o tropicalismo, o rock, o tango e a música erudita.

 

 

Tudo unido pela guitarra ecléctica do Roberto, e da voz da Patrícia que dá corpo, liberdade e gesto às palavras, um dos elementos fundamentais da sua música.

Berlim tornou-se pequena para a sua arte, que tem e pede mundo, e os Lavoisier seguem a sua vontade, enchendo o coração de quem os ouve e vê. Cada atuação é um ato de entrega e partilha desta dupla, cheia de inteligência, bom gosto, paixão, intenção e charme.

Falámos com eles para que nos contassem um pouco da sua história até aqui, no que têm ganho pelo caminho e que transformações os esperam no futuro próximo.

Como surgiram os Lavoisier?

Depois de decidirmos ir viver para Berlim em 2009, sabíamos que a música iria estar presente nas nossas vidas, uma vez que havíamos começado a tocar ainda nas Caldas da Rainha, para o projecto final de faculdade do Roberto, com o Tributo a Nina Simone. Desde então, nunca passando pela cabeça que nos poderíamos tornar profissionais, a experiência revelou-se avassaladora e por isso saberíamos que num futuro, onde quer que estivéssemos, continuaríamos a fazer música.

A experiência na ESAD das Caldas da Rainha, moldou as nossas posturas enquanto pessoas em relação à arte, daí que tenhamos sentido que seria justo afirmarmo-nos mais como artistas do que como músicos. Como pessoas e como artistas viver em Berlim, ajudou-nos bastante a poder trabalhar aspirando a arte. Numa cidade em que o julgamento parece não existir, e as pessoas se cercam muito mais por ideais do que fachadas, o acto de criar e discutir arte torna-se bastante rico e frutífero.

Se Berlim se torna um óptimo ponto de arranque nesta aventura, o que te espera a seguir será o mundo. Residentes em Lisboa, acreditamos e trabalhamos arduamente para levar este projecto aonde faça sentido apresentar Lavoisier, o mundo cabe em Lavoisier tal e qual como acreditamos que Lavoisier cabe no mundo.

O vosso trabalho vai buscar muito à música popular portuguesa, mas também recolhe influências de outras origens e tradições. Quais são essas influências e como é que as transportam para a vossa música, que é mais do que a soma de todas essas origens?

Precisamente por ter começado em Berlim, sentimos que a nossa busca por uma identidade musical teria que residir, na busca pelas nossas próprias raízes ou hábitos culturais. É muito engraçado perceber que, mesmo nunca tendo ouvido aquela ou outra canção, aquela ou outra história/conto, tu consegues ainda assim percepcionar um imaginário colectivo que facilmente te transmite imagens e emoções, que mais tarde se poderão traduzir em conteúdo artístico. Talvez por essa razão precisássemos de nos conhecer melhor, e que melhor maneira para o fazer do que ouvir essas mesmas canções e poder transformá-las em algo mais contemporâneo à nossa maneira de interpretação da realidade.

Outras influências acompanham-te nessa busca incessante de formação de identidade e compreensão do mundo exterior. Seriam realmente muitas as que poderíamos enunciar aqui, mas para não nos prendermos em quantidades excessivas de exibição histórico/cultural partilhamos as seguintes: Tropicalismo, recolhas musicais de Michel Giacometti, The Beatles, Elis Regina, João Gilberto, Zeca Afonso, Fausto Bordalo Dias, Milton Nascimento, Chico Buarque, Jeff Buckley, Nina Simone, Ray Charles, Stravinsky, Kandinsky, Nietzche, Astor Piazzola, Fernando Lopes Graça, movimento grunge, movimento punk e anarquista, Fernando Pessoa, Catarina Chitas, MGMT, James Blake, Quincy Jones, Ella Fitzgerald, Tom Zé, Jorge Ben Jor... etc.

Essa mistura está presente nas diversas colaborações (homenagem ao Duo Ouro Negro, tributo a José Mário Branco) e espectáculos que têm dado por todo o lado (Budapeste, Praga, Brasil, Argentina). Que momentos e locais podem destacar e que importância têm estas itinerâncias para a vossa música?

São sempre difíceis de dizer quais os momentos mais especiais, na medida em que são todos especiais, os que correram muito bem, como também os que correram muito mal. Numa perspectiva de consolidação artística, é muito importante ires tocar lá fora, por isso muitos dos concertos realizados no Brasil e Europa, foram de facto muito importantes, podendo talvez enumerar, o último concerto na República Checa que tocámos para uma plateia cheia no Palac Akropolis, a abrir para Drakha Brakha, e no Brasil na FLIP (Feira Literária Internacional de Paraty) e no festival Sim São Paulo, também eles para uma casa cheia.

De resto podemos afirmar que já tocamos em ambientes bem variados que irão de casas ocupas, a residências de embaixadores, e adoramos fazê-lo.

Em Portugal têm tocado em diversos espaços, com escalas bastante diferentes. Ao ver o vosso historial fica-se com a sensação que há uma cena musical vibrante em Portugal, com muitos sítios dispostos a receber a música portuguesa. É mesmo assim? 

Acreditamos que a música portuguesa passa por um momento realmente vibrante  e estimulante, traduzindo-se essa tendência para cada vez mais festivais e locais de concertos.

Quando voltámos de Berlim em 2013 o ambiente estava muito pesado, e o clima de descrença e derrotista era bastante visível. Porém houve também todo um outro sentido de luta e de fazer acontecer, que nos deixou bastante clara e óbvia a decisão de ter voltado. O espírito de fraternidade experimentado nesses festivais ou noutros locais de concertos, produzidos por pequenas associações deixaram-nos muito felizes por saber, que mesmo havendo coisas que possam não estar a correr tão bem, teremo-nos sempre uns aos outros para chorar e rir juntos. E dessa maneira podermos praticar, trabalhar e partilhar emoções e experiências culturais, nesse tal imaginário colectivo tão importante onde existe a celebração da arte e da cultura.

São apenas dois elementos, usam poucos instrumentos, mas não soam minimalistas. Ter um mínimo de material é um constrangimento positivo para a vossa música? Qual é o vosso setup normal ao vivo? 

É curioso, que sendo apenas dois gostamos de soar bem grandes como uma orquestra, e é essa imagem que tentamos sempre transmitir a quem irá trabalhar connosco nesse concerto, quando não podemos levar o nosso técnico de som.

 

O setup é muito simples:

  • guitarra ligada directamente a um amplificador.

  • percussão: pandeireta, triângulo e shakers.

  • e duas vozes com algum processamento de efeitos nomeadamente reverb.

 

Este setup simples, nunca foi constrangimento, muito pelo contrário, gostamos de saber que quando temos que viajar e não podes levar o teu material, o facto de irmos os dois e uma guitarra eléctrica que podes ligar a qualquer amplificador, desde que tenha alguma potência e reverb, já podes fazer concertos em qualquer lado.

 

Não indo para fora, o facto de sermos só dois a pisar qualquer palco, sendo ele grande ou pequeno até que dá um certo charme (ihih).

A poesia, como música através das palavras, é um elemento que se destaca na vossa música, sejam as palavras vossas ou de outros. Existe alguma mensagem que querem fazer passar com o vosso trabalho?

Sim a Palavra, assume um papel de extrema relevância no nosso trabalho, talvez por gostarmos tanto de a ouvir cantada por outros intérpretes, e principalmente do poder na mesma em fazer-nos viajar e imaginar. A música cantada tem uma função muito primordial, por exemplo: na música popular ela assumia um estado de necessidade absoluta, quase tão importante como beber ou comer, podendo até arriscar dizer que a palavra cantada foi também responsável pela sobrevivência de vários povos, desde a  pobreza e fome passada em Portugal, à escravatura nos campos de algodão nos E.U.A, enunciando apenas dois, entre muitos casos de libertação pessoal e artística através da palavra cantada.

 

A mensagem que tentamos transmitir com a nossa música, principalmente nos tempos que correm, será de amor e tolerância ao próximo, por muito clichê que possa soar, ela nunca será demais ser partilhada e acreditada. A realidade como ela te afecta está directamente proporcional ao imaginário que transmites ao público em cima de um palco, e nessa conversão, tem que existir honestidade, responsabilidade e principalmente respeito por quem decidiu, que naquela hora da sua vida, decidiu ir ouvir os Lavoisier. Houve alguém com quem trabalhámos no teatro, que costumava dizer que as pessoas quando iam assistir a uma peça arriscavam a sua vida para o fazer, pois em qualquer esquina o perigo estaria sempre à espreita. O teu dever por causa disso, seria transmitir àquela pessoa, que a sua vida foi colocada em risco por uma belíssima causa!

Que transformações futuras esperam os Lavoisier? 

Já podemos revelar que o próximo álbum sairá ainda este ano, e será em torno da poesia de Miguel Torga.

Neste ano haverá muitas colaborações,e a primeira já foi editada, saiu no dia 25 de Janeiro no novo álbum do alemão Daniel Haaksman: "From Berlin with Love" com o tema "Como será", que faz parte de um trabalho onde estão reunidos artistas como: Cibele, Dengue Dengue Dengue, Kalaf entre outros.

Em Fevereiro foi editada a nossa participação num álbum colectânea, comemorativo do trabalho de José Mário Branco, com o tema "Eu não me entendo" já gravado no nosso último trabalho "É teu" editado em setembro de 2017.

Ainda em setembro sairá outra colaboração de Lavoisier com o artista e amigo rapper brasileiro Vinicius Terra, através do tema "Máscaras de Azulejo" no seu álbum: "Para a Lusofonia nasce um novo dia" com o qual já tivemos oportunidade de partilhar vários palcos, em Paraty, Rio de Janeiro e São Paulo.

Quanto a tours estaremos sempre activos, adivinhando as próximas para o ano 2020 em terrenos europeus, sul-americanos, e tentando pela primeira vez horizontes asiáticos e talvez norte-americanos.

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Os Lavoisier juntam influências, geografias e épocas distintas num conjunto minimalista que soa maior do que a soma das suas partes, naturalmente itinerante na sonoridade e na vivência da sua música. São uma experiência a não perder, ao vivo e a cores, ou na plataforma musical da vossa preferência. 

Descubram e sigam a música dos Lavoisier no Facebook, Bandcamp, Youtube, e no seu site oficial.

Como podem ver, não é preciso muito material para se fazer boa música. Vejam o que o Salão Musical de Lisboa tem ao vosso dispor para dar som à vossa arte.



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