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Guitarras Resonator: uma história em dobro

Publicado por2019-10-30 por 5202
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História da Guitarra Resonator

A guitarra foi reinventada no século XX por Les Paul e Leo Fender. Mas antes deles houve John Dopyera. 

Uma guitarra resonator, também conhecida por dobro (o nome da marca que as popularizou, mas já lá vamos), é um instrumento muito especial. Distinguem-se dos modelos tradicionais por terem um sistema de ressonância embutido no corpo da guitarra, normalmente em alumínio. E, muitas delas, são feitas completamente em metal, o que não é comum para um instrumento acústico. 
 
Nos anos de 1920, Los Angeles era o centro do entretenimento dos Estado Unidos, onde as big bands e a música havaiana (a grande moda musical à época) não paravam de tocar. Mas a vida não estava fácil para os guitarristas. Inseridos em orquestras que tinham cada vez mais elementos para tocar mais alto para mais gente, em salas maiores onde a conversa e a animação não paravam, a sua função musical passava quase despercebida no meio de tanto volume.

A guitarra elétrica ainda eera um sonho por concretizar e nenhuma das soluções testadas até à altura satisfaziam os músicos. Os guitarristas ou se faziam ouvir ou rapidamente passariam a um elemento decorativo da banda.

George Beauchamp, um músico popular da altura especializado em guitarra havaiana, procurou um reparador de violinos que tinha loja montada ao pé de sua casa, e perguntou-lhe se ele podia construir uma guitarra que tocasse tão alto que conseguiria competir com os sopros e os metais das bandas, como o banjo conseguia.

O reparador de violinos aceitou o desafio. Este homem, um de 10 irmãos cuja família tinha emigrado da Eslováquia para os Estados Unidos em 1908, era John Dopyera, que se tinha tornado num especialista em melhorar instrumentos acústicos, já com algumas patentes registadas.

Juntamente com o seu irmão Rudy, John não perdeu tempo e, depois de algumas experiências falhadas, decidiu pegar numa ideia que tinha há já algum tempo: instalar um cone acústico em alumínio numa guitarra fabricada em metal. Dos vários protótipos que experimentou, o que achou mais musical foi a versão com três pequenos cones de ressonância.

Beauchamp ficou tão satisfeito com a ideia que recorreu aos seus contactos e ajudou a financiar a produção destes instrumentos, ajudando Dopyera a fundar a primeira marca de guitarras resonator, que usavam o sistema de tricones: a National.

As National eram o encontro perfeito entre a música, a engenharia e a arte. Fabricadas em metal, muitas eram decoradas com gravações, de paisagens havaianas a motivos art déco, fazendo delas objectos únicos e de um valor enorme para colecionadores hoje em dia.

Havia duas versões de resonators, que satisfaziam necessidades diferentes. As guitarras de braço achatado eram dirigidas para guitarristas de música havaiana, habituados a tocar com a guitarra ao colo, e as de braço redondo, que eram tocadas normalmente. A sua sonoridade característica e a influência da música havaiana sempre fizeram das resonator um instrumento ideal para tocar com slide.

Apesar do sucesso rápido que encontraram, com todos os grandes artistas do início dos anos 30 a tocar guitarras National, divergências entre Dopyera e Beauchamp fizeram com que o emigrante eslovaco saísse da empresa e fundasse uma ele mesmo, juntamente com dois dos seus irmãos: a Dobro, uma aglutinação de Dopyera Brothers.

Como a patente do tricone era propriedade da National, John teve que reinventar o seu conceito e aplicá-lo num formato que fosse mais rápido e barato de produzir. Nascem assim as guitarras dobro, com um cone de ressonância instalado num corpo de madeira.

E, salvo algumas excepções, era assim que se distinguiam num primeiro olhar as National das Dobro, pelo material do corpo. Só que a real diferença era o cone único, inventado por John mas registado sob o nome do irmão.

A competição entre as duas marcas era feroz, até que, em 1934, numa manobra empresarial de mestre, os irmão Dopyera conseguem assumir controlo da National e fundem as duas empresas.

E tudo corria bem até que a Segunda Guerra Mundial começou, e a produção destas guitarras parou por completo.

E tudo corria bem até que a Segunda Guerra Mundial começou, e a produção destas guitarras parou por completo.

Foi preciso chegar à década de 1950 para que as Dobro surgissem nas mãos de músicos de bluegrass. Como eles preferiam o som das guitarras em corpo de madeira, as guitarras com cone de ressonância ficaram popularizadas pelo nome que tinham na cabeça - dobro - uma designação que as define ainda hoje, mesmo que sejam de outra marca. Hoje em dia, Dobro é a designação da linha da Epiphone de guitarras resonator, porque a Gibson comprou o nome em 1994. Quem diria que um instrumento musical teria uma história empresarial tão complicada?

Depois dos anos 50 as guitarras resonator, que até então eram apenas encontradas na música havaiana e no blues, encontraram o caminho para as planícies norte-americanas, onde sua sonoridade encaixava na perfeição na música country. O seu potencial melódico e timbre quente, deram-lhe espaço entre o bandolim, o banjo e o violino, especialmente quando tocado com slide.

Nos últimos anos, com o revivalismo da folk americana, as resonator voltaram a ter popularidade, se bem que, já nos anos 80, Mark Knopfler exibia a National Style 0 de 1930 na capa do Brothers in Arms dos Dire Straits.

Entre os grandes nomes da guitarra resonator está Jerry Douglas, um músico que tem tantas distinções que já deixou de as contar.

Se quiserem ouvir mais música em que a resonator assume o papel principal, ouçam esta playlist do Spotify.

E o que aconteceu a John Dopyera? A saga de fusão e dissolução de empresas que fabricavam resonators continuou no pós-guerra e John esteve envolvido em algumas delas, sempre a inovar sobre as suas ideias originais. Morreu em 1988 com 94 anos e, até ao fim, esteve sempre activo e de volta dos seus projetos musicais.

Como comprar uma guitarra resonator

Uma guitarra com cones de ressonância tem características particulares e não será uma opção para todos os guitarristas. Para que querem uma guitarra destas? Para tocar com slide só ou para poderem dedilhar também?

Estas guitarras são excelentes para usar afinações alternativas, mas isso implica cordas de calibres pouco comuns. Os modelos modernos respondem muito bem com conjuntos de calibre .012 mas muitos músicos colocam calibres ainda mais pesados nas duas mais graves para terem melhor sustain e estabilidade quando tocam com o slide.

Dica rápida: quando trocarem as cordas na vossa resonator, os pros recomendam que se troque uma corda de cada vez, para manter a estabilidade do instrumento.

As guitarras resonator são instrumentos surpreendentemente tensos e sensíveis para o som leve que produzem, mas a sua exigência técnica e as possibilidades musicais que oferecem são incríveis.

O Salão Musical de Lisboa tem na loja online a Gretsch G9240 Alligator, da magnífica série Roots Collection. É uma resonator de grande qualidade a um preço incrível, que vale a pena espreitar.

Muita desta informação foi recolhida em ChasingGuitars.com, onde podem conhecer a história das resonators Dobro e National com mais pormenor, e o Slide Guitar for Begginers para além de ter recursos grátis para quem quiser dominar a arte do slide fala também da história das resonators.

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