As ligações do Jazz
30 de Abril é uma data que gostamos muito de assinalar. É o dia internacionalmente instituído para celebrar o grande género musical do século XX: o Jazz.
O jazz é o estilo musical mais diverso e original de sempre. Foi buscar influências a todos os géneros musicais e muitos outros estilos foram influenciados pela sua estética e avanços na linguagem musical: novos acordes, novas assinaturas rítmicas, novas regras e, por vezes, até essas iam janela fora.
A parte mais difícil do jazz não é ouvir mas saber por onde começar. E depois, encontrar um caminho que nos abra os horizontes. O jazz tem os seus mestres fundamentais que devem fazer parte das referências musicais de qualquer melómano, mas a parte mais divertida está em encontrar outros intérpretes que também contribuíram com boa música para o mundo.
É possível partir de Miles Davis e descobrir - através dos músicos que o acompanharam e dos que reconhecem a sua influência na música que fizeram - novos artistas e universos musicais, mas ficar restringido a um único ponto de referência é limitador. O mapa de Miles Davis fornece-nos imensas pontas que podemos puxar mas é só uma galáxia no universo quase infinito de músicos de jazz e de ligações entre eles.
Foi para estabelecer uma relação entre os diversos músicos que o Pratt Institute School of Library Information Science, uma instituição dedicada às ciências da informação e que gostam muito de trabalhar com dados, criou o Linked Jazz.
O Linked Jazz é uma visualização que permite viajar de músico para músico através das sua ligações, estabelecidas por colaborações musicais, relacionamentos pessoais, influência ou mentoria. Usando as mais recentes tecnologias de visualizações de dados, o Linked Jazz leva-nos à descoberta do papel dos artistas consagrados na vida de outros menos conhecidos que, apesar de terem tido menos destaque, são também importantes e interessantes de ouvir.
Além disso, é um jogo interessante para se perceber se aquela teoria dos seis graus de separação é verdade ou não. Por exemplo, nesta imagem podemos perceber a distância entre Miles Davis e John Coltrane.
A grande vantagem é que podemos clicar numa imagem de um músico que não conhecemos e entrar na sua obra musical. Por exemplo, foi a partir daqui que descobrimos Toshiko Akiyoshi, uma pianista nipo-americana diversas vezes nomeada para Grammys, que nasceu na China. Acabou por ter que vestir um kimono pela primeira vez na vida para tocar na televisão em 1958, para dar um toque mais exótico à sua imagem.
Parece confuso, e é, vamos só aceitar e dizer que os tempos eram outros. O que importa é a sua interpretação fantástica deste tema de Duke Ellington.
O jazz sempre foi pioneiro na inclusão de pessoas de diversas origens e características únicas, é esse lado colaborativo e aberto que lhe dá o seu espírito muito particular.
O Linked Jazz é também uma ferramenta espetacular para descobrir mulheres do jazz que de alguma forma foram esquecidas pelos apreciantes mainstream. Por exemplo, quem é que conhece Vi Redd, que aqui podemos ver a tocar com a Count Basie Orchestra?
Se têm tempo para gastar, atirem-se de cabeça no Linked Jazz e viajem por este universo musical extraordinário. E tenham noção que vemos aqui é uma pequena amostra da história do Jazz. Mas, como os autores do Linked Jazz dizem, é um trabalho em progresso.
E como 2020 está a ser um ano especial, porque não recordar o concerto do Dia Internacional do Jazz realizado em 2019 em Melbourne? Está recheado de estrelas e de música fantástica, de diversos países e que interpretam este género universal de uma forma muito pessoal. É por isso que o jazz é tão rico e incrível de se ouvir e tocar.
Feliz Dia Internacional do Jazz para todos!