A Semana do Rei: Elvis vive!
Todos os anos, em Agosto, os fãs podem celebrar a vida e a música do Rei do Rock and Roll, Elvis Presley. O epicentro dos eventos é Graceland, a mítica propriedade onde habitou nos últimos anos da sua vida e que mantém o seu legado vivo.
Mas porque é que Elvis Presley é um dos nomes imortais da música popular, com direito a uma semana inteira dedicada a ele, e porque é que a sua guitarra poderia ter batido o recorde da mais cara de sempre? É isso que vamos descobrir.
Elvis Aaron Presley morreu a 16 de Agosto de 1977 como o maior ícone musical do século XX. Apesar de estar longe dos seus dias de glória, as notícias da sua morte tiveram um impacto que só as de outro Rei - o da Pop, Michael Jackson - conseguiram igualar no século XX.
Elvis estava no sítio certo na época certa. Os Estados Unidos estavam a meio do boom económico do pós-Segunda Guerra Mundial, os meios de comunicação começaram a ser de massa e a música negra tinha um apelo irresistível entre esse novo segmento de mercado surgido nos anos 50 chamado de “adolescentes”.
Nascido em 1935, Elvis destacou-se desde novo pela música. A sua voz deu tanto nas vistas durante os serviços religiosos a que assistia com a família aos domingos, que o encorajaram a cantar músicas country, apenas com seis anos. Parece que ficou em quinto.
Pouco mais tarde deram-lhe uma guitarra que andava com ele para todo o lado e que era a companhia deste miúdo solitário, com uma família problemática. Elvis disse que estava à espera de receber uma bicicleta ou uma espingarda - o que mostra como pode ser positivo oferecer instrumentos musicais às crianças.
Ao longo da sua adolescência, Elvis aprendeu a tocar guitarra com vários músicos, alguns deles futuros pioneiros do que viria a ser o rockabilly. Sem educação formal em música mas com um ouvido que apanhava tudo o que podia de todos os géneros que podia encontrar em jukeboxes e lojas de discos, Elvis tinha uma dieta musical que ia dos grandes mestres do country aos dos blues, dos espirituais ao rhythm and blues.
E foi com esta formação rica, intensiva e intensa que Elvis aparece nos estúdios da Sun Records em 1953 para começar uma carreira na música, o seu objectivo de vida.
Sam Phillips, dono do estúdio de gravação Sun Records em Memphis, Tennessee, estava à procura de músicos brancos que pudessem cantar música negra num país onde a segregação racial era a norma. Phillips dizia que se o conseguisse, “faria milhões de dólares”. Quando Elvis entra para gravar nos seus estúdios, Phillips não estava presente, mas a sua recepcionista, Marion Keisker, recebeu este jovem que vinha gravar umas baladas para oferecer à sua mãe. Keisker, que dobrava funções como engenheira de som, registou o momento e mostrou-o ao patrão que, apesar de agradado, não ficou particularmente impressionado.
Teve que passar mais um ano e inúmeras tentativas falhadas de Elvis e de Phillips na persecução de cada um dos seus objectivos para que o dono da Sun Records chamasse o jovem músico. A ideia era gravar uma versão de uma balada em voga na altura, que parecia assentar-lhe na perfeição.
A sessão decorreu a 5 de Julho de 1954 e estava a correr tão mal que parecia que não se iria aproveitar nada. Ao final da noite e à beira de desistir da sessão, Presley pegou na guitarra e começou a fazer o que fazia na escola. Desatou aos pulos a cantar um blues e a brincadeira contagiou o baixista Bill Black que o começou a acompanhar. De acordo com Winfield "Scotty" Moore, o guitarrista presente na sessão, Sam Phillips espreitou para a sala de gravação e perguntou-lhes o que estavam a fazer. “Não sabemos”. Phillips pediu para voltarem atrás para poder gravar desde o início. Era o som diferente que Phillips estava à procura há anos. A música era “That’s all right”, de Arthur Crudup.
Três dias depois, a gravação passa num popular de programa de rádio de Memphis. O DJ recebeu tantos telefonemas a perguntar quem era o cantor e que música era aquela que foi obrigado a tocar a faixa durante as últimas duas horas do programa, em repetição.
Foi o início da lenda. O resto podem descobrir neste documentário onde algumas das pessoas que fizeram parte da vida de Elvis Presley contam de viva voz a sua experiência com o que viria a ser a mais importante estrela da música do século XX.
A guitarra de um milhão de dólares
A guitarra usada por Elvis nessas sessões seminais na Sun Records foi recentemente posta à venda em leilão por um valor base de licitação de 1 milhão e 200 mil dólares.
Esperava-se que atingisse os 2 ou 3 milhões mas o felizardo milionário que se manteve anónimo levou este pedaço de História por 1.32 milhões de dólares.
Se calhar é melhor ter à mão um modelo com que possam tocar todos os dias à vontade sem terem medo de, acidentalmente, irem de encontro a um prejuízo milionário. Vejam no nosso catálogo as guitarras acústicas que temos para poderem tocar as músicas que quiserem do Rei, sem medos.
Poderia ter sido a guitarra mais cara de sempre, mas parece que foi um dos melhores negócios de todos os tempos para quem a comprou. Mas imaginem que têm uma guitarra dessas em casa? Iriam tocar nela?
A música de Elvis juntou mundos que viviam paralelamente e, por vezes, em fricção. Elvis foi uma figura central e polémica quanto baste - aqueles movimentos de anca não eram lá muito bem vistos pelas moralidades da época - mas foi também um catalisador para a visibilidade de outros géneros musicais que viviam escondidos por questões políticas e sociais retrógradas. A música prevaleceu. O resto é História.
Seja numa semana em Agosto ou em qualquer outra, é sempre bom celebrar a vida da primeira super-estrela musical do século XX, e a alegria que a sua música deu a tantas gerações. Calcem os vossos Blue Suede Shoes e preparem-se para dançar um Jailhouse Rock. Elvis vive!