Instrumentos populares por região - 2
Nesta segunda parte da nossa Volta a Portugal em instrumentos musicais tradicionais, vamos passear pela zona Centro: Beira Litoral, Beira Baixa, Ribatejo e Estremadura.
Se quiserem conhecer outros instrumentos tradicionais tocados nas regiões mais a norte, leiam a primeira parte deste passeio musical, e conheçam também os instrumentos do sul e das ilhas de Portugal.
Instrumentos musicais tradicionais da Beira Litoral
No coração desta região está a cidade de Coimbra que, com a sua Universidade, é a capital das tunas académicas. Estes agrupamentos musicais juntam instrumentos tradicionais de várias regiões, talvez como reflexo da diversidade de origens dos estudantes que rumam todos os anos para a cidade em busca do canudo. É comum verem-se cavaquinhos, bandolins, violas clássicas e contrabaixos como base destes grupos.
O instrumento nobre da cidade é, claramente, a guitarra portuguesa de Coimbra. De som mais grave e afinação um tom abaixo em relação às do Porto e Lisboa, é o ícone cultural da cidade onde o Fado na versão local é o centro dos rituais académicos e uma atração turística muito procurada.
Mas há mais música para além da dos estudantes nesta região rica em tradições. Dos campos de arroz às localidades de pescadores, podemos ver grupos de gaiteiros com bombos e gaitas-de-foles pelas ruas fora em dias de festa, e grupos folclóricos com instrumentos de tuna nos coretos e praças em dias de verão, acompanhados de concertinas e violas de arame. A viola de arame típica da zona é a viola toeira, mas que quase desapareceu dos agrupamentos musicais.
Gaiteiros "Unidos do Zambujal" - "Marcha" from MPAGDP on Vimeo.
Instrumentos musicais tradicionais da Beira Baixa
No interior frio e isolado desta região, o salta ao ouvido é a quantidade de cantares a solo ou em grupo, acompanhado de membranofones, como o adufe. Os tambores, pandeiros e a genebres - uma espécie de xilofone portátil com paus de diferentes tamanhos presos por uma tira de couro - são outros instrumentos que dão percussão à música desta região.
Juntamente com o adufe, o instrumento representativo desta região é a viola beiroa, conhecida também como viola de Castelo Branco ou bandurra. Era tocada em serenatas aos noivos ou pelas tabernas, para fazer soltar a voz em cantigas que diziam que este povo estava presente, embora tão isolado.
As melodias desta zona são de uma qualidade única, ricas em sentimento, com floreados que ficaram dos tempos em que a cultura muçulmana estava presente no território.
Instrumentos musicais tradicionais da Estremadura
Como acontece em Coimbra, é o Fado que domina, mas na versão de Lisboa. Mais arrebitado e atrevido, com uma variedade de emoções que vão da alegria à mágoa imensa, negra como os xailes das fadistas que exigem silêncio para se poderem expressar melhor, o fado de Lisboa é a música que define a tradição musical urbana desta região do país. A guitarra de fado de Lisboa, de som brilhante e com uma linguagem cheia de trinados, ficou como a imagem de marca de uma cidade, e o fado como a canção do nosso país.
Mas há mais mundo para além do fado, que pertence à cidade. Os ranchos folclóricos são alegres e repicam de ferrinhos a marcar o ritmo aos acordeãos e concertinas e seguem os ciclos das estações e das colheitas nas suas danças e cantares.
Instrumentos musicais tradicionais do Ribatejo
No Ribatejo, a dança é outra. Pega-se a vida de frente, e o fandango marca o ritmo e o despique entre os homens, em duelos de um sapateado elegante, reminiscente do baile de risco dos toureadores.
São comuns os aerofones como as flautas de cana, gaitas-de-foles, acordeões, concertinas e harmónicas, acompanhados de castanholas, adufes, caixas e ferrinhos. Os instrumentos de cordas, como violões e cavaquinhos, são também comuns nos grupos de folclore da lezíria.
Na próxima edição dedicada aos instrumentos populares de cada região vamos visitar o sul de Portugal Continental e dar um salto até às regiões autónomas. Entretanto, sigam as ligações nos instrumentos assinalados neste artigo e visitem a nossa loja online. Nunca é tarde para recuperar e viver a música tradicional da vossa região.