John Frusciante: biografia, guitarras e os Red Hot Chili Peppers
Foto: Richard Riley
John Frusciante é o guitarrista dos Red Hot Chili Peppers e um dos músicos mais interessantes das últimas décadas, tanto na sua carreira com a banda como a solo. Fã de Fenders e pedais Boss, a sua história pessoal é também um exemplo de queda e salvação.
Venham descobrir a vida e o equipamento deste músico prodigioso.
John Frusciante: Biografia
John Frusciante e os Red Hot Chili Peppers
Os anos negros
O regresso de Frusciante aos Red Hot Chili Peppers
Frusciante - Carreira a solo
O segundo regresso de Frusciante aos Red Hot Chili Peppers
As guitarras de John Frusciante
John Frusciante: Pedais BOSS
Frusciante: um dos melhores guitarristas de todos os tempos
John Frusciante: Biografia
John Frusciante nasceu em Queens, Nova Iorque, a 5 de Março de 1970. A música já fazia parte da vida familiar: o pai de John era pianista antes de seguir Direito e se tornar juiz, a mãe teve uma carreira como cantora gospel antes de se dedicar a tempo inteiro à família.
Com apenas sete anos, Frusciante descobre a guitarra e aos nove anos já conseguia tocar todas as músicas de Jimi Hendrix, uma das suas maiores e mais claras influências, para além de Jimmy Page, Jeff Beck e Frank Zappa. Na adolescência, chegou mesmo a ponderar fazer uma audição para a banda de Zappa mas desistiu no último momento.
Com o divórcio dos pais, John muda-se com a mãe para Los Angeles e desiste da escola para se tornar músico. A sua vontade era tão grande que chegava a praticar guitarra 15 horas por dia.
O resultado desta dedicação pode ser visto neste vídeo inédito da banda que Frusciante tinha aos 17 anos. Lembrem-se que John sempre foi autodidacta e, na altura, não havia Internet nem Youtube.
John Frusciante e os Red Hot Chili Peppers
Aos 15 anos, John conheceu os Red Hot Chili Peppers (RHCP), de quem se tornou um grande fã.
Em Junho de 1988, o guitarrista da banda Hillel Slovak morreu com uma overdose, e os RHCP ficaram reduzidos a dois elementos - Flea e Anthony Kiedis - já que o baterista Jack Irons sai da banda por causa da morte do amigo. DH Peligro, ex-baterista dos Dead Kennedys apresentou o jovem guitarrista a Kiedis e Flea, que o quiseram logo para a banda.
Frusciante junta-se aos Red Hot Chili Peppers e, rapidamente, começam a ter sucesso. O álbum Mother’s Milk, de 1989, deu-lhes um grande destaque comercial e boas reações da crítica.
O álbum seguinte, Blood Sugar Sex Magik, tornou-se um dos álbuns mais populares dos anos 90, muito graças ao tema "Under the Bridge" - onde a mãe de Frusciante canta no coro do refrão final. Os Red Hot Chili Peppers eram uma das maiores bandas da sua geração.
Frusciante, apesar de ser um apaixonado pela música, não tem interesse nenhum pela fama nem lida bem com as exigências da vida de uma banda rock de sucesso nos anos 90. Começou a sabotar os concertos e a fazer os possíveis para abandonar a digressão.
A relação com Kiedis também se degradou ao ponto de deixarem de se falar. Na véspera de um último concerto no Japão, Frusciante apanha um avião para casa e anuncia que estava de saída da banda. Dedica-se à pintura, a gravar música a solo e a afundar-se na dependência de drogas.
Os anos negros
No Halloween de 1993, John Frusciante está no Viper Room, um bar popular de Los Angeles, onde se encontra com o seu amigo, o promissor e jovem ator River Phoenix. Phoenix morre de overdose nessa mesma noite, o que leva Frusciante para uma depressão profunda.
Deixa de pintar e de tocar guitarra, e dedica-se a tempo inteiro ao consumo de estupefacientes. Fica sem dinheiro e é constantemente despejado das casas onde vive por não pagar a renda.
Durante este período, lança dois discos a solo: Niandra LaDes & Usually Just a T-Shirt, uma compilação de faixas que tinha gravado e que lançou por obrigações contratuais com a editora dos RHCP, e Smile From the Streets You Hold que, segundo ele, gravou apenas para pagar o vício.
Desapareceu durante uns tempos, sempre a mudar de casa, levando alguns dos seus amigos a pensar que teria morrido. O que quase aconteceu, quando teve uma overdose quase fatal. Foi nesse momento que decidiu procurar ajuda e entrar em reabilitação.
O regresso de Frusciante aos Red Hot Chili Peppers
Em 1998, John Frusciante entra numa fase de renascimento pessoal. Liberta-se da dependência das drogas, faz reconstruções plásticas faciais para recuperar as feições destruídas pela heroína, e entrega-se a um processo de recuperação mental.
Anthony Kiedis, ao saber da situação de Frusciante, que tinha vendido todas as suas guitarras para ter dinheiro para a droga, compra-lhe um instrumento novo e insiste no seu regresso aos RHCP. Sem Frusciante, os Red Hot tinham perdido parte do seu brilho e impacto comercial. Além disso, o seu substituto, Dave Navarro, conhecido por fazer parte dos Jane’s Addiction, estava de saída.
John Frusciante aceita e volta a tocar com os Red Hot, num processo em que teve de reaprender a tocar guitarra. Mas a capacidade estava lá ainda e a sua inclusão foi um total sucesso. De acordo com Flea, foi até uma espécie de milagre.
Nesta segunda era com Frusciante, os Red Hot Chili Peppers reencontram a mística que os lançou para o estrelato. Entre 1999 e 2009 lançam três álbuns com grande impacto comercial: Californication, By the Way e Stadium Arcadium.
Frusciante - Carreira a solo
Em 2009, e novamente cansado das exigências da vida de uma banda de sucesso, John Frusciante sai dos Red Hot Chili Peppers para continuar os seus projectos a solo.
Lança The Empyrean nesse ano, um disco com faixas gravadas ao longo dos anos anteriores. Este disco revela as suas sensibilidades musicais mais experimentais, e que estão presentes em todas as suas aventuras a solo. Frusciante conta com Johnny Marr e o seu amigo Flea na realização deste álbum.
Criador prolífico, Frusciante gravou mais discos em nome próprio do que com os Red Hot Chili Peppers, explorando sonoridades mais experimentais em projectos que incluem Omar Rodriguez-Lopez, dos Mars Volta/At the Drive In. Foram 10 anos dedicados à sua própria música e ao equilíbrio entre a vida pessoal e a criativa.
O artista estava satisfeito, só que os RHCP queriam-no de volta.
O segundo regresso de Frusciante aos Red Hot Chili Peppers
Neste período, os Red Hot Chili Peppers tinham Josh Klinghoffer a assumir as funções de guitarrista. Mas, em 2019, os membros da banda disseram-lhe que Frusciante ia voltar para a banda.
Klinghoffer era um amigo e colaborador de Frusciante de longa data e a decisão apanhou-o um pouco de surpresa. Mas reconheceu que o lugar de guitarrista dos RHCP era e será sempre de Frusciante.
A formação original da banda está outra vez reunida e começa a gravar nova música. Em 2022, lançam dois álbuns: Unlimited Love e Return of the Dream Canteen, o 12º e o 13º da sua discografia.
Nesta entrevista, os Red Hot Chili Peppers e Frusciante falam da importância que têm uns para os outros e sobre o seu percurso acidentado.
À altura da escrita deste artigo, Frusciante ainda se encontrava em funções com os Red Hot Chili Peppers.
As guitarras de John Frusciante
Frusciante é um grande apreciador de Fenders, que são os instrumentos que mais usa. Em destaque, a Stratocaster 1962 Sunburst que foi prenda de Anthony Kiedis. Aliás, as Stratocasters são alguns dos seus modelos favoritos.
Fender Player Plus Strat MN 3T Sunburst
Mas há outros modelos Fender que Frusciante aprecia, desde as Telecaster às Jaguar, passando pelas Mustang e até uma Duo Sonic.
Noutras marcas, John já tocou com uma Gretsch White Falcon 1958, um modelo clássico, guitarras Yamaha SG, modelos Ibanez, alguns modelos Gibson, entre outros.
John Frusciante: Pedais BOSS
Este músico altamente criativo gosta de trabalhar o som da sua guitarra com a ajuda de pedais de efeitos. Nem sempre corre bem. Na última digressão, quando a sua pedalboard lhe deu alguns problemas, a solução foi reverter para um setup básico.
Em qualquer situação, John Frusciante não passa sem os seus pedais BOSS como primeira solução e base para o seu som. Ao longo da sua carreira, estes foram alguns dos pedais BOSS que foram vistos aos pés de Frusciante e que temos no nosso catálogo.
- DS 1 Distortion
- DS 2 Turbo Distortion
- SD 1 Super Overdrive
- FV 50H e Boss FV 50L
- FZ-3 Fuzz (já vamos na versão FZ-5)
- NS-2 Noise Supressor
- TU 3
Frusciante: um dos melhores guitarristas de todos os tempos
Apesar de não ser dos primeiros nomes que surgem quando se discute quais são os guitarristas mais importantes dos últimos 50 anos, John Frusciante é sempre um nome que deve ser incluído na lista. E foi, pelo menos na da Rolling Stone dedicada aos melhores de todos os tempos.
O seu estilo único e inovador, mas de referências bem claras, com um sentido melódico e harmónico sempre ao serviço da música e da banda, fazem de Frusciante um dos músicos que devem ser estudados por todos os guitarristas.
É também uma lição sobre queda e redenção pessoal e como a Arte e a Música são uma forma de vida para algumas pessoas.