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Fado de Lisboa vs Fado de Coimbra: guitarras, diferenças e semelhanças

Publicado por2023-04-06 por 10309
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Sabem quais são as diferenças entre o Fado de Coimbra e o Fado de Lisboa, e as suas guitarras?

Foto: Fabio Gismondi

O fado é uma expressão única da identidade cultural de Portugal, com profundas raízes na história, nas tradições e no espírito colectivo do país. Desde a sua origem, no século XIX, o fado tem sido uma forma de expressão musical e poética que reflete o caráter melancólico da alma portuguesa, mas também como uma manifestação de alegria a partir da adversidade.

A sua riqueza e popularidade mundial fizeram com que o fado fosse considerado Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em 2011.

Mas o fado não é só um. As duas grandes expressões do fado em Portugal são o fado de Lisboa e o fado de Coimbra. Vamos explorar as diferenças e as semelhanças entre estas duas vertentes mais populares deste género musical que mistura música, poesia e imenso sentimento e que tem conquistado corações em todo o mundo.

Vamos também explorar as características das guitarras de fado de Coimbra e de Lisboa, e entender como as suas diferenças definem cada um dos géneros.

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Índice

Fado de Lisboa - origens e características

Breve história do fado de Lisboa

Principais características musicais e poéticas

Artistas e canções emblemáticos do Fado de Lisboa

Fado de Coimbra - origens e características

Breve história do fado de Coimbra

Principais características musicais e poéticas

Exemplos de artistas e canções emblemáticas

Diferenças entre a guitarra portuguesa de fado de Lisboa e guitarra portuguesa de fado de Coimbra

O fado é música do mundo

Notas finais

Fado de Lisboa - origens e características

Breve história do fado de Lisboa

As origens do fado de Lisboa remontam ao século XIX e estão associadas aos seus bairros populares, como Alfama e Mouraria, onde os músicos e poetas se reuniam para cantar e declamar poesia, em tabernas e lugares de má fama. Ou seja, os mais divertidos da cidade.

Inicialmente ligado aos ambientes boémios e marginais, com o tempo passou a ser reconhecido como uma das principais manifestações culturais de Portugal. Ao longo do século XX, com a instituição de locais especificamente dedicados para se ouvir cantar esta música - as casas de fado - e a sua divulgação na rádio, especialmente a partir dos anos 40, o fado saiu das ruas estreitas dos bairros pobres da capital para entrar no espírito nacional.

Hoje em dia, quando se fala de Fado de Portugal, fala-se do Fado de Lisboa, embora o fado moderno tenha uma identidade diferente, menos local e uma expressão global. O fado é apreciado em todo o mundo e, nas últimas décadas, uma nova geração de artistas tem levado a canção nacional para além-fronteiras com grande sucesso.

Principais características musicais e poéticas

O fado de Lisboa tem como principais características musicais a melancolia, a saudade e a emoção extrema, cantados por uma voz acompanhada pela guitarra portuguesa e a viola de fado. Mas também tem outros estilos mais animados, onde o humor e a ironia piscam o olho às pequenas desgraças da vida quotidiana.

O fado de Lisboa é ritmicamente diverso: o fado corrido é mais alegre, cantado e tocado com um ritmo mais acelerado, e dançado. O fado menor é mais lento, mais melancólico, onde a voz tem mais espaço para deambular em lamentos.

As letras das canções, na sua maioria, falam de amor, tristeza, solidão, e desse omnipresente sentimento português que é a saudade. Muitas vezes, as letras dos fados eram criadas de improviso e ao despique entre dois cantores, em jeito de parada e resposta. A afinação da guitarra de Fado de Lisboa faz com que tenha um timbre mais brilhante e vivo, e uma tonalidade que tanto serve a voz masculina como a feminina.

Com o tempo, e com a popularização do fado no teatro de revista e o registo fonográfico, as letras do fado começaram a ser mais trabalhadas, com grandes poetas a escrever letras especificamente para composições de fado. As temáticas mudaram, mas o espírito orginal manteve-se.

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Artistas e canções emblemáticos do Fado de Lisboa

Entre os artistas mais emblemáticos do fado de Lisboa estão Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, Alfredo Marceneiro, Ercília Costa, António Chaínho (como guitarrista), entre tantos outros. Algumas das canções mais conhecidas do fado de Lisboa são "Lisboa Antiga", "Fado da Saudade", "Povo que Lavas no Rio", “Lisboa Menina e Moça”.

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O fado de Lisboa é uma manifestação cultural rica e emocionante, que reflete a alma desta cidade portuguesa e também a alma de um país. Ao longo dos anos, saiu da capital para o mundo, sendo um estilo cada vez mais popular a nível internacional.

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Fado de Coimbra - origens e características

Breve história do fado de Coimbra

O Fado de Coimbra surgiu como forma de expressão popular, sendo também conhecido como Cantar Coimbrão. A sua génese está nos habitantes que viviam na parte Alta da cidade (os Salatinas),ou seja, a zona da colina que domina Coimbra e onde está instalada a Universidade.

É à sombra da Universidade e pela mão dos seus estudantes que ganha uma identidade própria. Era cantado sob as janelas das raparigas de quem gostavam, mas ganhou um sentido mais sério com a presença da academia e o aparecimento da ditadura.

Inicialmente, o fado de Coimbra partilhava as temáticas com fado de Lisboa, mas a apropriação do género pelos estudantes levou a que se tornasse num estilo mais erudito.

Principais características musicais e poéticas

Os temas principais das letras do Fado de Coimbra são o trabalho, o amor, a paixão, a saudade, as tradições e a vida de estudante na cidade de Coimbra. Dividem-se em poemas cantados, canções de embalar e “canções de intervenção”, em que os artistas e pensadores manifestavam no fado de Coimbra o que não podiam dizer livremente, por causa da ditadura.

A criação da revista Presença, no final dos anos 20, em Coimbra, também veio alterar a poesia do fado da cidade dos estudantes. A Presença foi uma das maiores manifestações do movimento modernista em Portugal e teve influência nas composições do Fado de Coimbra, que se inspirava maioritariamente no Cancioneiro Popular de Coimbra e no Cancioneiro Estudantil.

As características que fazem com que o Fado de Coimbra seja diferente são a forma como é cantado, com uma maior entoação e projecção vocal de grande volume. Isto deve-se ao foco que o Fado de Coimbra tem na melodia e por ser cantado por homens, a solo ou a várias vozes, acompanhados pela guitarra de Fado de Coimbra, afinada um tom abaixo em relação à guitarra de Fado de Lisboa, o que lhe dá um tom mais grave.

As harmonias podem ser mais complexas e os andamentos são muito lentos e melancólicos, o que dá um ar solene às actuações. A expressão mais solene do Fado de Coimbra é a Noite da Serenata, que assinala o final dos diversos ciclos estudantis: a passagem de caloiro a doutor, ou o fim do curso.

Nessa noite, a Sé Velha enche-se de capas negras e o fado é cantado a partir da escadaria da Igreja. Manda a tradição que o público fique em silêncio e não bata palmas.

Existe também uma enorme tradição na composição de temas unicamente instrumentais para a guitarra de Coimbra, cujo maior expoente é Carlos Paredes.

Exemplos de artistas e canções emblemáticas

No Fado de Coimbra temos grandes nomes como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Luís Góis, António Menano, Machado Soares e Carlos Paredes. Algumas das canções mais conhecidas do fado de Coimbra são "Balada da Despedida", "Fado Hilário" e "Verdes Anos".

O fado de Coimbra é uma das principais expressões culturais da cidade que reflete a tradição académica da cidade e a sensibilidade poética de seus estudantes.

Em 2013, a parte Alta da cidade, a Universidade de Coimbra e a Rua da Sofia foram classificadas como Património da Humanidade, tendo o Fado de Coimbra sido um dos suportes desta distinção.

Diferenças entre a guitarra portuguesa de fado de Lisboa e guitarra portuguesa de fado de Coimbra

Vamos começar pelas semelhanças. A guitarra portuguesa de fado é um cordofone de seis cordas emparelhadas, ou ordens (12 cordas no total, portanto). Tem um corpo largo em forma de pêra e carrilhão em leque. Faz parte da família dos cordofones renascentistas, com origens possíveis tanto nos instrumentos centro-europeus do século XVII como nos instrumentos árabes que povoaram a Península Ibérica durante séculos.

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Nas diferenças, a guitarra portuguesa de Lisboa tem a caixa menos profunda das duas e um som mais brilhante, graças à sua afinação: Si - Lá - Mi - Si - Lá - Ré, da ordem mais aguda para a mais grave.

Distingue-se da guitarra de Coimbra pela voluta em forma de caracol.

Guitarra
Portuguesa Artimúsica GPBASEL Modelo Lisboa

Guitarra Portuguesa Artimúsica GPBASEL Modelo Lisboa

A guitarra portuguesa de Coimbra tem um som mais grave relativamente à guitarra de Lisboa, sendo afinada um tom abaixo da sua congénere lisboeta: Lá - Sol - Ré - Lá - Sol - Dó. A caixa é maior e mais profunda.

A voluta é em forma de lágrima, símbolo da saudade e da difícil vida de estudante.

Guitarra
Portuguesa Artimúsica GP72C Luxo Modelo Coimbra

Guitarra Portuguesa Artimúsica GP72C Luxo Modelo Coimbra

Podem saber mais sobre a história e identidade da guitarra de fado de Coimbra no documentário A Guitarra de Coimbra, da RTP.

Grandes guitarristas de fado - Blog Salão Musical

O fado é música do mundo

Nos anos 90, o fado entra no circuito da chamada World Music, um termo redutor que classificava toda a música que não fosse de inspiração anglo-saxónica e de origem popular.

Mísia, Cristina Branco e Camané, são alguns dos fadistas que popularizaram a canção nacional além-fronteiras, assim como Dulce Pontes. Desde então, novos nomes têm-se afirmado internacionalmente como intérpretes de fado: Katia Guerreiro, Mafalda Arnauth, Ana Moura, Ana Sofia Varela, Miguel Capucho, Carminho ou Raquel Tavares, com um destaque especial para Mariza, galardoada várias vezes nesta categoria.

Classificações à parte, o Fado de Portugal é um género musical que cativa povos de todas as origens porque fala perto do coração sobre as emoções que todos sentimos.

Notas finais

O fado de Lisboa e o fado de Coimbra são diferentes quer na música como na poesia, mas também no espírito. Enquanto o fado de Lisboa tem um caráter mais popular e boémio, o fado de Coimbra tem uma tradição académica e erudita. O fado de Lisboa canta-se com xailes negros, o de Coimbra com capas negras.

Outra diferença significativa entre o fado de Lisboa e o fado de Coimbra é a estrutura da letra. O fado típico de Lisboa tem uma estrutura mais simples e tradicional, em quadras ou quadras glosadas, quintilhas, sextilhas, ou decassílabos, com um refrão que se repete várias vezes durante a canção. Já o fado de Coimbra tem uma estrutura mais complexa, com variações rítmicas e melódicas ao longo da canção.

O fado de Lisboa e o fado de Coimbra abordam temas diferentes. O fado de Lisboa fala principalmente de amor, tristeza e saudade, retratando a vida nas ruas da cidade. Já o fado de Coimbra aborda temas ligados à vida académica, como a amizade entre estudantes, a paixão pelo conhecimento e as tradições universitárias.

Entender as diferenças e semelhanças entre o fado de Lisboa e o fado de Coimbra, podemos apreciar melhor a complexidade e beleza deste estilo musical tão tradicional e importante para a cultura portuguesa.

Visitem a nossa loja online, irão encontrar uma selecção de guitarras de fado que combinam tradição e inovação. Escolha a guitarra de fado perfeita para si ou para oferecer ao músico aí de casa.

Guitarra de fado: uma recordação de Portugal - Blog Salão Musical

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