Nuno Bettencourt bio: dos Açores aos Extreme e mais além
A biografia de Nuno Bettencourt e o seu percurso com os Extreme e a solo, dos Açores aos palcos mundiais.
Nuno Bettencourt é um dos melhores guitarristas da nossa era mas, normalmente, é esquecido pelas listas da especialidade. Inovador e ecléctico, este guitarrista português é dono de uma técnica impressionante e tem um estilo único.
O single do mais recente álbum dos Extreme trouxe o nome de Nuno Bettencourt de volta à ribalta. Tudo por causa de um solo incrível, daqueles que já não se fazem porque são apenas fruto da imaginação dos mais talentosos.
Venham conhecer a biografia de Nuno Bettencourt, o seu percurso com os Extreme e em nome próprio, e porque é que se devem lembrar dele quando fizerem as vossas listas de melhores guitarristas.
Antes, vejam o solo de que estamos a falar.
Índice
Nuno Bettencourt: Origens e influências
Nuno Bettencourt: carreira a solo e colaborações
O som e a técnica de Nuno Bettencourt
Nuno Bettencourt - Notas Finais
Nuno Bettencourt: Origens e influências
Nuno Bettencourt nasceu a 20 de Setembro de 1966 na Praia da Vitória, uma localidade da ilha Terceira, nos Açores. Aos 4 anos de idade, a sua vida mudou radicalmente: os pais mudaram-se das ilhas atlânticas para os Estados Unidos, mais exatamente para Hudson, no Massachusetts, juntamente com os seus dois irmãos, Luís e Roberto.
O primeiro instrumento musical de Nuno Bettencourt foi a bateria, o que lhe deve ter dado a noção rítmica que apresenta hoje nos seus riffs. Mas quando o seu irmão Luís o apresentou à guitarra, nunca mais a abandonou. Chegava a faltar às aulas para praticar até sete horas por dia, como autodidacta, o que lhe afetou as notas. Desistiu do liceu e dedicou-se 100% à música.
Nos primeiros tempos teve uma banda de rock pesado, sem grande sucesso. No entanto, ia desenvolvendo o seu estilo assente em influências como Eddie Van Halen, Jimmy Page, ou Jimi Hendrix, mas sempre atento ao que descobria na música clássica e noutros estilos musicais.
Van Halen é, aliás, um dos seus guitarristas favoritos. Numa entrevista recente, Nuno Bettencourt disse que, enquanto estava a gravar o solo de Rise, Eddie Van Halen apareceu no estúdio. Nuno Bettencourt não quis que a lenda da guitarra ouvisse o que ele estava a fazer, e que lhe mostraria mais tarde. Infelizmente, Van Halen faleceria pouco tempo depois, sem nunca ouvir esse solo poderoso que mostra muito a influência que teve em no guitarrista dos Extreme.
O estrelato com os Extreme
Em 1985, Nuno Bettencourt funda os Extreme com Gary Cherone na voz e Paul Geary na bateria, juntando-se mais tarde Pat Badger no baixo. Três anos depois, lançaram o seu primeiro álbum, homónimo, que chamou a atenção de alguns fãs de heavy metal. O som dos Extreme era pesado mas fluía por vários estilos, desde o glam metal ao funk rock.
O single Play with me abre com uma citação clássica e depois parte para um rock típico do final dos anos 80, com um solo tremendo de Nuno Bettencourt. A música serviu como banda sonora na Fantástica Aventura de Bill & Ted e como abertura para um episódio de Stranger Things.
Em 1990, editam Extreme II: Pornograffitti, o disco que os lançou definitivamente para a ribalta. Ao longo do álbum, Bettencourt mostra-se como um guitarrista confiante e inovador, aplicando ritmos inesperados e um fraseado muito evoluído e fluente. Brian May disse que o solo da faixa Get the Funk Out devia ter uma distinção própria por ser um marco na história do rock. E quando Brian May é fã do nosso trabalho, é porque estamos a fazer alguma coisa bem.
No entanto, a música que chamou a atenção do público para o trabalho dos Extreme não foi uma das faixas mais roqueiras e virtuosas mas uma balada acústica a duas vozes - as de Gary Cherone e de Nuno Bettencourt - chamada More Than Words, que tem um final que mostra bem a capacidade inventiva e técnica de Bettencourt.
Ao longo do disco assumem de forma camaleónica sonoridades que vão do glam a la Aerosmith ao funk rock do tipo dos Red Hot Chili Peppers, aterrando numa balada clássica com um vídeo que encaixa perfeitamente na estética dos anos 90 e do estilo grunge.
Mas os Extreme não se enquadraram na nova cena musical e, em 1996, depois de terem lançado um terceiro álbum separaram-se, e Nuno Bettencourt decide seguir uma carreira a solo.
Depois de um hiato de alguns anos, os Extreme reuniram-se em 2008 para gravar um disco curiosamente intitulado Saudades de Rock e, 15 anos mais tarde, vieram mostrar que estão bem vivos e cheios de energia, com o seu disco Six, o sexto da banda.
Nuno Bettencourt: carreira a solo e colaborações
Em 1997, o guitarrista lança Schizophonic sob o seu próprio nome, um disco em que andava a trabalhar há já cinco anos. Depois, juntou-se ao sobrinho para criar os Mourning Widows, gravando dois discos. Mais tarde, cria Population 1, o nome com que gravou alguns álbuns até ser obrigado a mudar de nome para Near Death Experience, antes de mudar novamente para DramaGods.
Mas são as suas colaborações que lhe dão mais destaque fora dos Extreme.
Logo no início da sua carreira com os Extreme, Nuno Bettencourt tocou guitarra no single Black Cat, de Janet Jackson, que chegou a primeiro lugar na tabela da Billboard. As colaborações continuaram, compondo e produzindo músicas para artistas tão diferentes como Dweezil Zappa, Steve Perry dos Journey, Toni Braxton ou Lúcia Moniz.
Como músico convidado ou membro da banda colaborou com Perry Farrell no projecto Satellite Party, com Robert Palmer, Steel Panther e até com Julian Lennon numa cover de Imagine, de John Lennon, pai de Julian. E também Paul McCartney.
São muitas e muito diversas as colaborações que este fenomenal guitarrista tem tido ao longo da sua carreira, o que revela o respeito e admiração que os outros músicos têm por ele. Exemplo disso é esta versão do tema de Game of Thrones, feita em muito boa companhia.
Nuno Bettencourt é também o guitarrista da banda que acompanha Rihanna em todas as digressões, desde 2009. Em Fevereiro de 2023, Nuno Bettencourt tocou com a artista no espetáculo do intervalo do Superbowl LVII.
O som e a técnica de Nuno Bettencourt
Nuno Bettencourt é um guitarrista muito preciso, rápido e com ideias cheias de energia. As suas linhas tanto invocam o heavy metal como a música clássica e os seus ritmos funky dão ainda mais uma dimensão ao seu som, sem falar da sua enorme capacidade em compor para instrumentos acústicos.
As técnicas que mais usa são o tapping, a uma ou duas mãos, e é um shredder de primeira água. A sua guitarra surge sempre nos tempos certos, com linhas bem definidas e harmonias interessantes.
O solo de Rise causou furor nas redes sociais pela sua originalidade. Muitos foram os vídeos e artigos escritos sobre a forma incrível como Nuno Bettencourt executa este solo e como é um grande momento (mais um) da sua carreira musical.
Fica aqui a opinião de Rick Beato, que disseca as técnicas e a musicalidade deste momento, cada vez mais raro na música moderna.
O setup de Nuno Bettencourt é bastante simples. Na sua lista de equipamento podemos encontrar diversos pedais BOSS, como o Boss NS-2 Noise Suppressor, Boss OC-2 Octaver, Boss TU-3 Chromatic Tuner ou o Boss DD-3T Digital Delay.
Nuno Bettencourt - Notas Finais
Nuno Bettencourt foi influenciado pelos maiores nomes da guitarra e hoje é ele que deixa a sua marca em guitarristas de todo o mundo. Mas também deixa um legado fora da música, promovendo causas ambientais com um festival nos Açores, ações pacifistas com colaborações em prol da libertação do povo de Timor Leste e contra a guerra na Ucrânia, e filantrópicas, gravando discos para ajudar crianças necessitadas.
Para além de ser um músico versátil, é um guitarrista disposto a ir mais além para mostrar as suas capacidades técnicas e musicais em canções e solos eletrizantes. E sempre de espírito aberto, como comprovam as suas diversas colaborações musicais.
Como bónus, podem assistir à entrevista que Rick Beato fez a Nuno Bettencourt no seu canal de YouTube em que o músico partilha algumas das suas melhores histórias e experiências, na primeira pessoa.
Apesar de ser um cidadão do mundo e uma estrela internacional, Nuno Bettencourt é um músico português que continua a ter nos Açores a sua casa. É uma figura inspiradora para todos os guitarristas, de cá e de toda a parte.
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