Salão Musical de Lisboa Loja de instrumentos musicais desde 1958
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World Music: Instrumentos tradicionais de outros países

Publicado por2023-12-18 por 6724
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Descubram nove instrumentos tradicionais de outras tradições musicais

Se há uma coisa que é comum a todas as culturas do mundo é a música. Nas suas várias manifestações, lógicas e sonoridades, há música pelo mundo fora, tocada com instrumentos que, no fundo, parecem variações sobre o mesmo tema.

Provavelmente, é porque a música, como bem imaterial, é feita para ser partilhada e passada de pessoa para pessoa, de geração em geração, de uma comunidade para a outra.

As diferentes culturas e as diferentes músicas do planeta deram-nos instrumentos diferentes, também. Vamos conhecer alguns.

Instrumentos tradicionais de outros países

Alaúde
Bouzouki Irlandês
Flauta Irlandesa
Gaita de Foles
Guitarricos
Kalimba
Taças Tibetanas
Tarka
Timple Canário
Outros instrumentos e tradições

Alaúde

A palavra “alaúde” vem do nome que os árabes davam a um instrumento - “al ud” , que quer dizer “a madeira”, devido ao tampo ser neste material e não em pele esticada.

O alaúde árabe instalou-se na Península Ibérica durante a presença dos mouros entre os séculos VIII e XV, disseminando-se pela Europa e ganhando novas versões. O nome também foi mudando, de “al ud” para alaúde em Portugal, laud na Espanha, luth na França, lute na Inglaterra, laute na Alemanha e liuto na Itália.

Os Músicos - Caravaggio

O alaúde tem um corpo abobadado, com a parte de trás da caixa de ressonância construída com ripas de madeira, muitas vezes desiguais para efeito estético. O tampo é plano e apresenta rosetas ornamentais. O braço é curto e os trastes da escala podem continuar pelo tampo.

Como já perceberam, o alaúde não é um instrumento único, mas uma família que engloba diversos cordofones com esse nome. Por isso é complicado apresentar uma descrição unificada. Surgiram instrumentos de dimensões diversas com diferentes afinações e número de ordens de cordas, que podiam ir de quatro até 10 pares de cordas.

Era tocado como um instrumento melódico, com um plectro, e tornou-se o instrumento mais popular em toda Europa no século XVI, sendo o preferido para acompanhar o canto.

É a origem de diversos cordofones de corda dupla europeus. Ainda se pode ouvir o alaúde a ser tocado por grupos de música Renascentista e Barroca.

O alaúde espanhol é uma versão de origem ibérica deste instrumento que se pelas colónias espanholas, mantendo-se nas tradições musicais de Cuba e das Filipinas.

O corpo tem forma de pêra, à semelhança da guitarra portuguesa.

Alaúdes no Salão
Musical

Alaúdes no Salão Musical

Balalaika

A origem do nome da balalaica vem dos antigos verbos russos, que significam “conversar sobre nada”, “balançar”, o que descreve bem o espírito descontraído deste instrumento.

Este instrumento musical é um dos símbolos da música russa. Tem apenas três cordas, que são dedilhadas e um distinto corpo triangular. Nas suas diferentes versões, pode ir de sessenta centímetros de comprimento a um metro e setenta.

A família da balalaica inclui cinco instrumentos, do mais agudo ao mais grave: a balalaica piccolo (muito rara), a prima balalaica, segunda balalaica, balalaica alto, balalaica baixo e balalaica contrabaixo.

A balalaica prima é tocada com os dedos, a segunda e a alto com o dedo ou palheta, dependendo da música a ser tocada, enquanto as balalaicas baixo e contrabaixo (que possuem uma extensão que serve de apoio no chão) são sempre tocadas com uma palheta de couro.

Balalaicas no Salão
Musical

Balalaicas no Salão Musical

Bouzouki Irlandês

O bouzouki irlandês é uma adaptação moderna do bouzouki grego. A diferença principal entre estas duas versões é que o irlandês tem quatro ordens de cordas e o grego apenas três.

O bouzouki foi introduzido na música tradicional irlandesa em meados da década de 1960, com alterações no encordoamento e novos designs construídos especificamente para a música tradicional irlandesa. O bouzouki na música irlandesa é usado para o acompanhamento de acordes ou contrapontísticos, sendo as melodias tocadas em outros instrumentos, como a flauta ou o violino.

Mas também serve para ser tocado a solo.

Bouzoukis
Irlandeses no Salão Musical

Bouzoukis Irlandeses no Salão Musical

Flauta Irlandesa

Ainda pela Ilha Esmeralda, temos a flauta irlandesa ou tin whistle. Este instrumento musical de sopro é uma flauta diatónica de seis buracos. Foi inventada por Robert Clarke, um trabalhador agrícola inglês do no século XIX, que decidiu construir uma flauta em estanho para substituir as tradicionais de madeira.

O resultado sonoro foi tão bom que Clarke decidiu dedicar-se ao fabrico de tin whistles que, rapidamente, se tornaram populares na Irlanda e no Reino Unido. Hoje em dia, são um dos instrumentos musicais fundamentais da música tradicional irlandesa.

Flautas
Irlandesas no Salão Musical

Flautas Irlandesas no Salão Musical

Gaita de Foles

As gaitas de foles têm uma grande tradição na música de origem celta. Essa influência sente-se também na tradição popular ibérica, com a presença de gaitas de foles principalmente no Norte de Portugal e na Galiza.

O modelo galego é originário do território a Norte de Portugal e desceu até às costas nacionais com algumas alterações. A versão nacional tem apenas dois tubos sonoros: o ponteiro, em forma de flauta, com o qual o gaiteiro expressa a melodia sobre a nota de base dada pelo ronco, que normalmente soa duas oitavas abaixo do tom do ponteiro.

A gaita de foles foi proibida em Espanha pelo regime franquista, mas ressurgiu com a afirmação territorial da Galiza e, em Portugal, pela recuperação do folclore nacional e em particular do minhoto. Pode ser ouvida em arruadas e festivais de música tradicional, e apreciada por públicos de diversa origens, já que o seu som atravessa a tradição de vários países, desde Portugal e Espanha aos de génese celta.

A versão irlandesa é bastante diferente e chama-se Uilleann pipes. É uma gaita de foles que não é inflada com o sopro do músico, mas com um fole que se coloca debaixo do braço. É mais pequena que a gaita de foles normal e tem uma abrangência de duas oitavas.

Gaitas de Foles
no Salão Musical

Gaitas de Foles no Salão Musical

Guitarricos

O guitarrico é um cordofone típico da Península Ibérica, muito semelhante ao cavaquinho e à guitarra.

O guitarrico era muito popular no final do século XIX e início do século XX, mas quase foi esquecido. Era muito comum ser utilizado como acompanhamento para voz e para tocar música de âmbito menos folclórico e mais de salão. Com a expansão dos povos ibéricos para outras paragens, surgiram diversas versões e variações, particularmente na América Latina.

O guitarrico tem quatro cordas, que podem ser afinadas em Si-Fa#-Ré-Lá ou Lá-Mi-Dó-Sol. É tocado de forma semelhante ao cavaquinho ou o ukulele, mas tem uma personalidade diferente do primeiro pelas cordas de nylon, e do segundo pelo timbre mais grave, graças a uma caixa de ressonância maior e à afinação.

É um cordofone de som doce e muito versátil para ser integrado quer em música tradicional portuguesa quer em novas linguagens musicais, para adicionar um elemento estético diferente e de cariz tradicional.

Guitarrico no Salão
Musical

Guitarrico no Salão Musical

Kalimba

A kalimba é uma interpretação moderna de um antigo instrumento musical africano chamado Mbira. Também conhecido por piano de dedos é um instrumento musical da família dos lamelofones e está na família dos idiofones dedilhados.

A kalimba é simples e fascinante. É uma caixa de ressonância com um número definido de lamelas de metal, cada uma com uma nota diferente.

A sua origem remonta há 3000 anos, com várias aparições e reinvenções ao longo dos séculos. Espalhou-se por toda a África, variando no número de lamelas e afinações. A kalimba é a versão ocidental do instrumento original e, desde os anos 50 do século XX, cativa músicos e ouvintes com o seu som delicado.

Kalimbas no salão
Musical

Kalimbas no salão Musical

Taças Tibetanas

Já que estamos numa onda descontraída e mais contemplativa, vamos conhecer um dos instrumentos que produz os sons mais relaxantes desta lista: as taças tibetanas.

As taças tibetanas são um idiofone, ou seja, é um instrumento musical que, ao ser percutido, sacudido ou raspado, produz um som por meio de vibração. Fazem parte de um grupo de instrumentos denominados por singing bowls, ou taças musicais.

São tigelas de metal, tocadas com um martelo, frequentemente usada em ambientes espirituais ou religiosos para invocar a meditação ou o relaxamento através das vibrações retumbantes e dos sons agradáveis ​​que produz quando tocada.

As suas origens são um pouco obscuras mas acha-se que tiveram origem na Mesopotâmia há mais de 5.000 anos e chegaram às regiões do Tibete, Nepal e Índia. São utilizadas em rituais e práticas associadas à meditação e ao ioga. O som é rico, prolongado e muito agradável. E são também um excelente objecto de decoração.

Taças Tibetanas
no Salão Musical

Taças Tibetanas no Salão Musical

Tarka

A tarka é uma flauta originária dos Andes. É uma flauta de peça única, como a flauta doce, mas é mais curta e tem um corpo bastante angular, feito de madeira. A boquilha é semlahnte a um apito, com pequeno orifício de ar. Exige maior capacidade de sopro e tem um som mais escuro e penetrante. O som e a escala da tarka são diferentes de qualquer outra flauta andina, com um timbre suave.

A tarka tem três variantes: grande, médio (afinada um intervalo quinta acima) e pequeno (afinada uma oitava acima). Estes três tipos de tarka são usados em conjunto num estilo tradicional chamado Tarkeada, em que todos tocam a mesma melodia a três vozes, acompanhados por instrumentos de percussão.

A flauta é feita de madeira natural e possui uma boquilha tipo apito, com um pequeno orifício de ar. O som e a escala da tarka são diferentes de qualquer outra flauta andina. Soa muito primitivo, suave e suave com um som áspero na faixa grave. Eram usadas pelos povos antigos dos Andes para imitar os sons dos pássaros em cerimónias tribais.

Tarkas no Salão
Musical

Tarkas no Salão Musical

Timple Canário

O timple é típico e originário das Ilhas Canárias. É um cordofone de cinco cordas que deriva da guitarra barroca e tem um aspeto semelhante a um cavaquinho

Tem uma caixa de ressonância estreita e fundo abobadadoo que lhe dá o outro nome porqu que é conheido: “camelito sonoro”.

A afinação usual do timple é D-A-E-C-G (da primeira à quinta corda), onde C e G são mais altos que E.

O timple é “primo”de outros cordofones espalhados pela América Latina e Península ibérica como o charango, o cuatro, a vihuela mexicana, o cavaquinho português e o guitarro maiorquino.

Timples Canarios
no Salão Musical

Timples Canarios no Salão Musical

Guia de afinação para instrumentos de cordas

Outros instrumentos e tradições

Temos abordado diversas tradições musicais noutros artigos, em que falamos também dos seus instrumentos, internacionais e também portuguesas. Aqui fica uma pequena lista de alguns deles:

Tocar um instrumento de uma tradição musical diferente da nossa é uma forma de enriquecer a nossa música e a nossa vida. Somos confrontados com uma maneira diferente de pensar a música e a aprender variações desta linguagem universal.

Além disso, são instrumentos que trazem outros desafios técnicos e musicais, que nos ajudam a ser melhores instrumentistas até nos instrumentos a que estamos habituados a tocar.

Abram as mãos para novas tradições musicais e explorem os instrumentos de várias origens que temos no Salão Musical. É como viajar sem ter que sair do mesmo lugar.

Foto: Karim MANJRA / Unsplash
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