Dia Mundial do Compositor
15 de Janeiro é o dia escolhido para lembrar aquelas pessoas que vivem com música dentro da cabeça e que têm necessidade de a pôr cá para fora, criando melodias, harmonias, ritmos que nos levam para outros lugares, nos fazem sentir alegres, tristes, melancólicos, com vontade de correr quilómetros sem parar. No fundo, que nos fazem sentir mais do que normalmente sentiríamos. Porque é que acham que na adolescência a música têm tanto peso?
Os compositores existem em vários tipos: os génios clássicos que parecem aqueles cientistas malucos dos filmes (sim Beethoven, estamos a falar de ti) ou os mais certinhos como Bach, que no seu andamento tranquilo nos leva em grandes passeios a fazer-nos descobrir mais um caminho ainda não percorrido, ou os megalómanos como Wagner, que não sabia fazer nada que não envolvesse centenas de músicos e figurantes para nos ocupar o dia inteiro.
Mas não são só os clássicos que têm direito a ser chamados de compositores. Qualquer um de nós, ao fazer vibrar o ar com o som das nossas ideias é um compositor. Bem, John Cage desafiou essa ideia com a sua peça 4’33’’ para piano, mas já Wolfgang Amadeus Mozart dizia que a música não estava nas notas mas no silêncio entre elas. E já que estamos a desafiar conceitos, John Coltrane, defendia que não se devia tocar o que está lá, mas o que não está.
Voltando ao som organizado que mexe connosco - e essa é a diferença entre música e ruído - os seus autores podem ter estudado a vida toda ou inventado uma melodia enquanto iam a assobiar na rua que são compositores na mesma. Essa organização, quando definida em pauta com sinais que indicam os tempos e as alturas das notas, é transmissível mesmo para quem nunca a ouviu na vida. Não é à toa que se diz que a música é uma linguagem universal.
Por exemplo, sigam as notas neste vídeo do belíssimo Noturno em Ré Bemol de António Fragoso que, segundo disseram recentemente, se não tivesse morrido aos 21 anos teria sido o maior compositor português do século XX.
No sobe e desce das notas na pauta quase que dá para adivinhar Satie e Debussy, não é? Pois, essa é a beleza da coisa. Os compositores, como gostam muito da música de outros compositores, passam a vida a ir buscar coisas à obra alheia, a fazer de partes dela a sua e, quando são mesmo bons, estão a fazer música realmente nova e original. Se há actividade humana que vive de tudo o que foi feito antes, é a música. E pouca gente consegue viver sem ela.
Citando Frank Zappa, “sem música para o embelezar, o tempo é apenas um monte de prazos de entrega ou datas de pagamento de contas.” Vamos celebrar então estas pessoas que fazem os nossos dias mais bonitos, mesmo com prazos e contas para pagar.
Seja para compor ou para interpretar os vossos compositores favoritos, o Salão Musical de Lisboa tem os melhores instrumentos para vocês. Visitem-nos.