Guia Prático: Como praticar com metrónomo sem perder tempo
O que é o metrónomo, a sua história, e como praticar com metrónomo sem nunca perderem o tempo?
O metrónomo é uma ferramenta indispensável todos os músicos. Este pequeno dispositivo tem como função marcar o tempo de forma precisa, para desenvolver uma noção de ritmo sólida e constante.
O sentido de tempo e ritmo é o que transforma um músico razoável de um excecional. É muito importante terem as escalas e os acordes na ponta dos dedos, mas, sem noção rítmica e de tempo, são insuficientes.
Neste artigo, vamos explorar os vários aspetos do uso do metrónomo, desde a sua história, até dicas avançadas para o integrar na vossa prática musical.
ÍNDICE
O Que é um Metrónomo?
História do Metrónomo
Tipos de Metrónomos: Mecânico vs Digital
Metrónomos Digitais vs Metrónomos Mecânicos: qual escolher?
Como Usar um Metrónomo
Começar com o Metrónomo
Exercícios Práticos com Metrónomo
Erros Comuns ao Usar um Metrónomo
Técnicas avançadas de metrónomo
Silenciar Cliques
Upbeats
Aceitar os vazios
Polirritmos no metrónomo
Notas finais
O Que é um Metrónomo?
O metrónomo é um aparelho que gera um pulso regular, ou "click", ajustável em várias velocidades (BPM - batidas por minuto). Este ritmo constante ajuda a manter uma pulsação uniforme durante a prática, essencial para dominar qualquer peça musical com precisão.
História do Metrónomo
O desenvolvimento do metrónomo mecânico é atribuído a diversos inventores ao longo dos séculos. Relatos históricos indicam que Abbas Ibn Firnas, no século IX, criou um dispositivo semelhante ao metrónomo, mas foi no século XVII que Galileo Galilei aprofundou o estudo do pêndulo, inspirado pelo movimento de um candelabro na Catedral de Pisa.
Em 1696, o músico francês Étienne Loulié desenvolveu um "cronómetro" pendular, com um peso de chumbo suspenso numa corda, embora este não produzisse som nem tivesse um mecanismo de escape para manter o pêndulo em movimento.
Em 1814, o inventor Dietrich Nikolaus Winkel desenvolveu em Amesterdão o primeiro cronómetro musical com mola e um pêndulo invertido ajustável, criando uma forma mais compacta e prática do que a versão de Loulié.
No entanto, Johann Maelzel viria a patentear um modelo baseado no modelo de Winkel, em 1816, batizando-o de "Metrónomo de Maelzel". Este modelo mecânico, de forma piramidal, usa um peso deslizante num pêndulo invertido para ajustar o tempo, enquanto o mecanismo interno produz um som de clique a cada oscilação.
Nos anos 50, surgiram os metrónomos eletromecânicos, como o modelo Franz LB4, que usavam motores elétricos com um sistema de temporização mecânica. Mais tarde, os metrónomos eletrónicos, movidos a cristais de quartzo, tornaram-se populares devido à sua precisão e portabilidade.
Hoje, os metrónomos digitais oferecem funcionalidades avançadas, como sons diferenciados para downbeats, padrões rítmicos complexos e integração com softwares de gravação, sendo amplamente usados por músicos em dispositivos móveis ou aplicações.
Todos os músicos que se prezam têm uma aplicação de metrónomo nos seus smartphones, que é sempre uma solução de recurso interessante. Pelo menos enquanto não surgem as notificações do Instagram.
Metrónomo Wittner 855161 Pirâmide Preto
Tipos de Metrónomos: Mecânico vs Digital
Há dois tipos principais de metrónomos: mecânicos e digitais. Os mecânicos são aqueles clássicos que funcionam a partir de uma mola e têm o movimento pendular, proporcionando uma experiência física e tangível, mais orgânica. Já os digitais oferecem mais precisão e funcionalidades, como o ajuste de diferentes tempos e sons de click.
Os metrónomos digitais mais recentes incluem funcionalidades como tap tempo e personalização de sons. Alguns até podem ser ligados a auscultadores, ideal para gravações ou para praticar em silêncio.
Boss DB-30 Dr Beat
Metrónomos Digitais vs Metrónomos Mecânicos: qual escolher?
A precisão é uma das maiores vantagens dos metrónomos digitais. Além disso, são leves, portáteis e ajustáveis, adaptando-se a várias necessidades musicais, com imensas funcionalidades avançadas num só dispositivo, alguns incluindo até um afinador.
Mas, o que é demais não ajuda. Um metrónomo mecânico tem uma só função, que cumpre na perfeição. E não recebe mensagens, telefonemas nem notificações de redes sociais que vos irão desconcentrar durante os vossos exercícios. Além disso, é um objeto bonito e muito decorativo que demonstra que levam a vossa música a sério.
Se não tiverem um metrónomo à mão (podem sempre visitar a nossa loja já e encomendar um) usem o metrónomo online da Google. Existem outras ferramentas do género online, com mais funcionalidades, mas é sempre melhor ter uma ferramenta que não vive num ecrã de computador, onde as distrações estão a um clique de distância.
O ideal é terem vários tipos de metrónomos, e usá-los regularmente. A seguir, vamos descobrir como o fazer.
Afinador Metrónomo Relógio Ashton MTC 100
Como Usar um Metrónomo
Os benefícios de praticar com o metrónomo têm um enorme impacto na vossa qualidade musical: melhora a noção de ritmo, desenvolve a noção de tempo e aumenta a precisão da vossa execução. Integrar esta ferramenta na vossa prática diária ajuda-vos a ser músicos mais seguros e consistentes.
Começar com o Metrónomo
Os metrónomos são fáceis de configurar a um nível muito básico.
Configurar o metrónomo começa por definir o BPM (Batidas Por Minuto) adequado para a música ou exercício que estão a praticar. Em alguns casos, começar devagar e aumentar gradualmente a velocidade é o ideal.
O melhor começar devagar e fazer pequenos aumentos nos BPM. Comecem, por exemplo, a 60 BPM. Se conseguirem fazer o exercício sem enganos e com conforto a essa velocidade, podem aumentar o valor.
Mas não saltem logo para os 65 ou 70 BPM. Aumentem para 62, é um pequeno incremento que parece que mal sentem a diferença, mas que é rápido suficiente para irem desenvolvendo a vossa técnica e proficiência de forma sustentável. E, acreditem, chegam mais depressa a um exercício limpo a 70 BPM com estes pequenos aumentos do que em grandes saltos na velocidade.
Ouçam o metrónomo, e integrem-no no som do vosso exercício. Se estiverem fora de tempo, reduzam os BPM para valores mais acessíveis. Não há problema em voltar atrás.
Música não é um desporto de velocidade; por isso, levem o vosso tempo, no tempo que vos for mais confortável e, aumentem a dificuldade assim que estiverem confortáveis.
Os metrónomos digitais têm a possibilidade de definir a assinatura rítmica. Podem escolher de quaternários (4/4) a ternários (3/4) até divisões ainda mais complexas. Isto é possível com uma acentuação diferente no primeiro tempo do compasso. Se o vosso metrónomo for mais avançado, podem até dar acentuações diferentes a tempos dentro do compasso, para que o ritmo seja ainda mais claro.
Exercícios Práticos com Metrónomo
Para escalas e padrões rítmicos, usem o metrónomo como guia. Por exemplo, façam uma escala completa ao ritmo do metrónomo, aumentando a velocidade à medida que ganham confiança.
Pratiquem uma nota por clique, depois uma nota no clique e outra no intervalo dos cliques. Se estiverem com um espírito aventureiro, toquem apenas nos intervalos.
Inicialmente, devem habituar-se à presença do clique ou do som do metrónomo para o incorporar na música. É natural que vos distraia a início, mas, se começarem com um tempo confortável, é fácil.
Dedicado a guitarristas, mas útil para qualquer instrumentista, este vídeo traz alguns exercícios simples e muito eficazes para começarem praticar acompanhados pelo clique do metrónomo.
Se estão à procura de metrónomo para piano, este é o vídeo certo.
Metrónomo Wittner 835 Piccolo Castanho
Erros Comuns ao Usar um Metrónomo
O metrónomo deve ser usado intencionalmente, seja para desenvolver uma melhor noção de tempos complexos ou para resolver problemas específicos quando estão a praticar uma peça. Entender o seu propósito maximiza a sua eficácia. Não compreender para que serve um metrónomo leva a que se incorra em alguns erros.
- Demasiado foco na precisão: tocar com um metrónomo não significa sacrificar a musicalidade. A prática consciente e a atenção ao som são essenciais para manter a expressão musical. O metrónomo ajuda a que sejamos precisos, mas implica que sejamos mecânicos.
- Usar o metrónomo num tempo demasiado rápido não vos faz chegar mais depressa ao vosso objetivo: impor um tempo irrealista pode levar à frustração. O progresso deve ser gradual, e de acordo com as vossas capacidades. Não só ficam mais sólidos tecnicamente como evitam lesões. Em vez de quererem tocar depressa, queiram tocar bem.
- Pensar no metrónomo como um elemento estranho: o metrónomo deve ser incorporado nos vossos exercícios como se fosse outro instrumento. Um instrumento muito repetitivo e certinho, mas que fornece uma base para tocarem por cima. Praticar com metrónomo deve ser uma atividade de escuta ativa, onde o músico se alinha com a pulsação da peça que está a tocar.
- Ignorar o metrónomo completamente: o metrónomo assusta muitos músicos, que acham que o seu tempo natural é o mais musical. Pelo contrário, a exatidão desta ferramenta ajuda que sejam ainda mais musicais. Um músico com bom ritmo e noção de tempo é muito apreciado pelos outros músicos.
Não sejam assim:
Korg MA-2
Técnicas avançadas de metrónomo
Quando estiverem já habituados a tocar ao clique do metrónomo, podem experimentar outras técnicas mais avançadas, que aprofundar ainda mais o vosso sentido rítmico. Estas técnicas exigem um metrónomo digital mais avançado.
Silenciar Cliques
Em vez de terem cliques em todos os tempos do compasso, que tal silenciar alguns? Por exemplo, configurem o metrónomo para tocar apenas nos tempos 1 e 3. Vão ter que adivinhar onde estão os outros tempos e estar ainda sincronizados com os outros dois.
Os músicos que desejam melhorar o seu “swing feel”, podem colocar os cliques apenas nos tempos 2 e 4. Esta técnica destaca as acentuações que ocorrem em estilos de música como o jazz.
Se quiserem praticar ainda com menos rede, usem apenas um clique por compasso. Podem escolher qualquer tempo para tocar, mas a ideia é manter o tempo apenas com um clique. E não tem de ser sempre no primeiro tempo: pode ser no primeiro tempo do primeiro compasso, no segundo tempo do segundo compasso, no terceiro do terceiro, etc.
Ou ainda de forma mais aleatória. Utilizar a função de mute aleatório aumenta a vossa responsabilidade na manutenção do tempo.
Upbeats
Uma variação dessa técnica é colocar o clique nos upbeats. Isso aumenta a dificuldade, mas melhora a vossa perceção rítmica.
Aceitar os vazios
Outra técnica é deixar um espaço extra entre os cliques. Por exemplo, definam o clique para tocar apenas a cada dois compassos. Isso obriga-vos a concentrar na manutenção do tempo.
Polirritmos no metrónomo
Os polirritmos envolvem tocar num tempo que não se alinha perfeitamente com o tempo do metrónomo, como tocar em compasso de 4/4 enquanto o metrónomo toca a cada 3 ou 5 batidas. Esse tipo de prática ajuda a desenvolver uma compreensão mais profunda do tempo e da estrutura rítmica da música, especialmente em peças mais complexas ou músicas tradicionais com características rítmicas muito particulares.
Notas finais
Praticar com o metrónomo é uma das formas mais eficazes de evoluir como músico. Não só desenvolvem o vosso sentido rítmico, como ganham uma confiança extra para tocar com outros músicos ou em gravações.
Ao escolher um metrónomo, considerem fatores como a portabilidade, as funcionalidades e o tipo de som. Para iniciantes, um modelo digital simples é muitas vezes suficiente. Para músicos mais experientes, um metrónomo com opções de subdivisões rítmicas pode ser uma excelente escolha.
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Metrónomos Mecânicos e Digitais no Salão Musical
Foto Nicolas Brulois / Unsplash