A história dos amplificadores de guitarra
Este artigo é para ler com feedback. Tratem de aumentar o volume e o ganho, que vamos falar do equipamento que revolucionou a música do século XX: o amplificador.
Se gostavam de saber quem é que foi a criatura que decidiu um dia ligar um caixote com uma coluna lá dentro à eletricidade para se fazer ouvir, então estão no sítio certo. Para já fica a pergunta: o que é que apareceu primeiro? A guitarra elétrica ou o amplificador? E porque é que a música havaiana é, surpreendentemente, tão importante no processo?
Apostamos que nunca tinham pensado nisto, mas estamos cá para expandirem o vosso conhecimento e cultura musical.
No início do século passado todas as guitarras eram ocas. Eram obrigadas a isso porque a sua caixa de ressonância era o que lhes dava o volume necessário para serem ouvidas. Mas com as big bands e os conjuntos que tocavam para fazer as pessoas dançar, era preciso que se ouvissem ainda mais. Há quem diga que a primeira guitarra desenhada para ser amplificada era havaiana. Se virem estes senhores, percebem que eles eram bem mais felizes se estivessem ligados à corrente.
Na realidade, as primeiras colunas eram as mesmas dos rádios da altura, que com a ajuda de condensadores e válvulas, acabadinhos de ser desenvolvidos (estavam para a época como os microprocessadores para a nossa), permitiram criar pequenas unidades de amplificação alimentadas à corrente elétrica. É claro que há sempre quem goste de ignorar a evolução, a ciência, e o bom senso e depois…
Chocante.
Continuando. As mentes pioneiras responsáveis por este avanço foram George Beauchamp e um tal de Adolph Rickenbacker, de quem já devem ter ouvido falar. Eles foram os primeiros, através da sua Electro String Company, a produzir guitarras e amplificadores elétricos. Como a música havaiana era o que se ouvia na altura, esses músicos eram os seus principais clientes.
Quisemos encontrar um vídeo dos senhores acima mais felizes e ligados à ficha, mas arranjámos este que, pelos vistos, é a primeira gravação de uma guitarra eletrificada, tocada por Bob Dunn.
Como vocês sabem, se derem a um guitarrista um amplificador de 20 watts, ele vai querer um de 40 a seguir. Assim, a potência e o volume cresceram rapidamente.
Um outro nome que também talvez conheçam, Leo Fender, comercializou no fim dos anos 40 o “Super Amp”, que debitava uns estrondosos 50 watts com uma coluna de 12 polegadas, para abafar os gritos das adolescentes que entravam em histeria com as primeiras estrelas rock. Eram o complemento ideal para as Fender e Gibson de corpo sólido que começavam a inundar o mercado, porque as ocas escorriam feedback assim que chegavam a um certo volume.
Vários guitarristas ignoravam o 10 do botão de volume e tentavam pô-lo a 11 ou mais, descobrindo que o som saturava e distorcia de uma forma interessante. Um tipo - este nunca ouviram falar dele, de certeza - chamado Jim Marshall, pensando nestes jovens desejosos de criar pandemias de surdez, criou um amplificador de 100 watts, ligado a uma coluna com quatro cones, especificamente desenhado para exorcizar toda a decência de quem se pusesse à frente dele com o volume no máximo.
A era do Rock’n’Roll tinha começado. Os amplificadores começaram a ser cenário nos palcos das grandes bandas, com muralhas de colunas a enquadrar as bandas. As guitarras passaram a gritar, guinchar, a incendiar mentalidades, gostos e géneros, graças ao contributo de Dick Dale, Chuck Berry e Jimi Hendrix, transformando toda a música moderna e nada nunca mais voltaria a ser o mesmo.
A tecnologia continuava muito assente nas válvulas, que dão aquele tom quente (Fender Twin Reverb, não é?), mas como se danificavam muito facilmente e não eram assim tão fáceis de trocar, foram sendo substituídas pelo transístor, especialmente a partir dos anos 70. Isto baixou os preços e as possibilidades sonoras dos amplificadores.
Hoje em dia, temos modelos a válvulas, de transístores, mistos, temos amplificadores que simulam outros amplificadores, uns com o rodar de um botão, outros com a ajuda de um software que vai buscar o som específico daquele guitarrista, amplificadores para guitarras, baixos, teclados, tudo o que precise de ter mais volume. As opções são tantas e tão acessíveis que só não faz barulho quem não quer.
Para quem quiser uma explicação mais académica e técnica sobre a origem dos amplificadores e os seus diversos usos, vejam este vídeo.
Ainda se lembram da pergunta? Se descobrirem a resposta avisem, porque entretanto também ficámos sem perceber quem surgiu primeiro, e ficámos com um ligeiro zumbido nos ouvidos. Podem discutir o assunto na caixa de comentários.
Entretanto, no Salão Musical de Lisboa, temos amplificadores para todos os gostos e níveis de surdez. Basta darem um salto à nossa loja ou visitar o nosso site.