Silêncio, que hoje é Dia Mundial do Fado
O Fado junta o que de melhor há na música: para além de viver de sentimento e emoção, é o resultado da fusão de culturas. Nascido das tragédias e das dificuldades dos marginalizados da metrópole, encontrou casa nos bairros pobres, em tabernas e bordéis, para se tornar no género musical nacional, e a materialização de um espírito bem português de suplantar adversidades, cantando-as.
Cantado em salas escuras para se sentir mais a voz e os trinados das guitarras, o Fado é mais do que a canção nacional; é, como cantou Amália, “uma estranha forma de vida”, ou não viesse o seu nome de fatum, ou destino.
O primeiro grande nome da história do Fado em Portugal foi Ercília Costa, que teve uma carreira com atriz de revista mas que levou a sua voz além fronteiras ainda antes dos anos 50. Injustamente esquecida pela maioria das pessoas, relembramo-la aqui com este Fado do Passado:
Se poucos conhecem a “Santa do Fado”, todos conhecem a voz da Rainha do Fado, Amália. Dona de uma voz impressionante, Amália trouxe o Fado para a modernidade, com uma entrega inigualável, estando entre as melhores cantoras de todo o século XX. O reconhecimento da sua arte revela-se nos seus 170 discos, que venderam mais de 30 milhões de exemplares durante a sua vida. De cada vez que a ouvimos no seu melhor, percebemos porque é que ela é e será sempre a Rainha.
Nos últimos 20 anos, o Fado transformou-se e enriqueceu-se. Considerado Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela UNESCO desde 2011, a canção nacional tem ganhado vida nova com o cruzamento de estilos e re-interpretações feitas por novos fadistas, que misturam a tradição com o futuro. É um dos filões culturais que Portugal oferece a quem nos visita, mas também ainda é a expressão dos mal ajustados da urbe, tal e qual como quando surgiu.
A nova geração do Fado é composta por homens e mulheres que sentem a tradição e a levam mais além, fundindo-a com outros géneros da cidade de Lisboa, abraçando a sua multiculturalidade. Alguns dos nomes de referência são Ana Moura, Cuca Roseta, Carminho, Camané, Gisela João, Cristina Branco, Mariza, Mafalda Arnauth, mas muitos mais vão surgindo todos os anos a demonstrar que a música triste que ecoava pelas ruas escuras de Lisboa no século XIX está bem viva e presente na voz de quem o quiser cantar. Com alma e emoção.
O Dia do Fado acontece todos os dias no Salão Musical de Lisboa, onde temos guitarras portuguesas feitas pelas melhores marcas nacionais.