7 tipos de baixistas
Já falámos aqui da importância de uma boa linha de baixo. Quem toca em conjunto há muito tempo sabe como é importante ter um bom baixista, alguém que ponha a música a mexer e que cola tudo, da harmonia ao ritmo, uma nota de cada vez.
Algumas das personagens mais excêntricas da história da música foram baixistas: Jaco Pastorius, Bootsy Collins, Les Claypool. Eles vêm em todos os tamanhos e feitios, mas há uns que são mais, vamos dizer, típicos.
Digam-nos quantos destes tipos é que reconhecem e acrescentem os de que nos esquecemos, na caixa de comentários. E não queremos ofender ninguém, é mesmo para a paródia. Cá vai o medley de cromos do baixo.
O Jazzeiro
Sabe as escalas todas, todos os modos, adivinha quando o baterista vai meter aquele break na batida, é uma delícia de se ouvir. Tem um problema com vocalistas, porque tiram-lhe espaço para brilhar e nunca mais se calam para ele partir para aquele solo que só é acompanhado solidariamente pelo homem das baquetas que, insistentemente, vai fazendo os apontamentos a avisar quantos compassos faltam para terminar, ok, já passou, mais uma volta, até se chatear e tocar o ritmo completo. Trata o baixo como se fosse uma relíquia ou um carro de alta cilindrada, ou ambos. E passa horas a falar do Victor Wooten.
O Só à Slapada Este tipo apaixonou-se pelo baixo com o Flea aos pulos a espetar com a corda nos trastes em 90% das canções dos Red Hot Chili Peppers. Peçam-lhe um Sol-Si-Ré que ele lá arranja maneira de meter as quintas para “ficar mais fixe”. Quando são bons, são espetaculares; quando são assim-assim soa tudo embrulhado; quando são maus são grandes candidatos a fraturas de stress nos polegares e levam a mal quando se lhes pede para dar uma nota de cada vez, no tempo: pum-pum-pumpum. Eles percebem pum-ténc, ptum ptum ténc, e não soa a nada de jeito. E como adoram médios, para sobressair o slap, são os grandes causadores das dores de cabeça dos colegas de banda.
O Lemmy Das duas uma: ou já era vocalista e o baixista não estava para o aturar, ou foi o único que arranjou coragem para assumir a voz da banda. De qualquer forma, a maioria não é nem grande cantor nem grande baixista. Muitos seguem a lógica do meia bola e força à Lemmy Kilmister, outros almejam ter a classe do líder dos Level 42. Há quem até tire cordas e use técnicas diferentes, como os The Presidents of the United States ou os Morphine mas, na maior parte dos casos, não complicam. Nem podem, o resto da banda tem que dar no duro para poderem brilhar. Expoente máximo da loucura neste tipo: Les Claypool.
O Metralhadora
Muito comuns no heavy metal, estes baixistas debitam milhares de notas por segundo, fazendo a inveja de muitos guitarristas que deveriam ser mais rápidos por terem umas cordas mais fininhas. Têm posters do Cliff Burton no quarto, e conseguem saber tanto de música como os que falam do Wooten. Têm tendência para serem obsessivo-compulsivos, e não há sequência harmónica que lhes fuja, porque atropelam-nas com escalas a mil à hora. E se têm de dobrar um riff de guitarra, é bom que seja interessante, senão começam a fazer audições a outros guitarristas de dedos mais rápidos nas costas dos actuais. Gostam também de levar bateristas à rabdomiólise.
O Discreto
Forjado no fogo alimentado pelas barbas de hipsters, este tipo de baixista não chateia, não fala muito, é o primeiro a arrumar as coisas na carrinha da banda, tem uma relação estável com uma pessoa simpática há anos, e não falha uma nota. Não falha, porque não inventa. Não se chega à frente do palco, nunca olha o público nos olhos, só pensa na sequência de acordes e onde dar a acentuação correta. Os fãs da banda não lhe sabem o nome, e as/os groupies não lhe ligam por causa de ser tudo tão certinho. Mas, como dissemos, este baixista já está numa relação. Manda uma piada por mês e é sempre uma das doze melhores do ano. É o único da banda que vai ter um bom emprego no futuro. Era sempre ele que era escolhido para ir jogar à baliza.
O 4 Cordas Não Me Chegam
Não há graves que cheguem para esta gente, que querem ter mais cordas, mais grossas, embora só as usem para dar aquela nota no início da música e depois passarem a vida a passear Mi acima, Mi abaixo (salvo seja). Há quem toque mesmo muito bem em baixos de 5, 6, 8 ou mais cordas, mas esses viraram baixistas porque o piano não lhes dava grande pica no género musical preferido deles. Este tipo de baixista cruza-se muito com o género metralhadora, mas também há os que dão uma nota só, de tempos a tempos, mais ligados a géneros latinos calmos, ponderados, a ver bem em qual das oito cordas está a nota certa para aquele momento.
O Homem do Balanço
Vocês sabem quem é e invejam-no de morte: mesmo a dar as mesmas notas que vocês, tem sempre aquele intervalo variável nos tempos que nenhuma inteligência artificial alguma vez há-de conseguir emular. Nem uma máquina, nem a maioria dos mortais, porque é algo que está no sangue e nenhum professor consegue ensinar. É uma qualidade que se apanha nos países quentes dos trópicos e a ouvir muita música para balançar em conjunto, se é que estão a perceber. Quando aceleram, transformam-se em monstros do funk.
E um extra:
O Que Achou Que Era Mais Fácil Do Que Tocar Guitarra
Este sempre sonhou ser rockstar, mas como não tinha voz decidiu ir para a segunda posição que engata mais groupies, que são os guitarristas (os baixistas discordam neste ponto). Mas como os acordes e as escalas para solar dão muito trabalho a aprender, foram para o baixo, até por uma questão quase freudiana, em certos casos. Normalmente, a sua história é assim: compram um (até mais caro do que precisavam), aprendem uma música que tocam incessantemente para impressionar uma miúda, e desistem ao fim de uma semana, porque “dói muito nos dedos”. Encostam-no à parede e dizem que não tocam “por falta de tempo”. São ótimos para lhes comprar grandes instrumentos em segunda mão, praticamente novos, a bom preço, e têm muito jeito a colocar o baixo no sítio certo da sala, como decoração. Atingem pontuações razoáveis no Guitar Hero, mas ganham pontos extra pela pose de quem está a tocar para um estádio em delírio, quando passam de nível. Todos temos um amigo assim.
Nós no Salão Musical de Lisboa não queremos saber qual é o vosso tipo, apenas do vosso empenho em serem o melhor que conseguirem. A Fender é a nossa marca de baixos elétricos, e temos uma grande variedade por onde podem escolher, tenham o estilo que tiverem. Façam-nos uma visita.