Concertinas e Acordeões, de teclas e botões
O acordeão. Só o nome traz à cabeça de muita gente o incontornável Quim Barreiros e o ambiente dos bailes populares por esse país fora, injustiçando um instrumento riquíssimo e versátil. Presente em várias tradições folclóricas e populares por esse mundo fora, é também usado em estilos tão diferentes como o tango, o heavy metal, ou o jazz.
Agora que pensam nisso, até se lembram que não é só o mestre Quim que dá bem ao fole.
O acordeão tem uma história muito antiga. Tem como antepassado um instrumento chinês chamado sheng, que funcionava pelo mesmo princípio de forçar o ar por um conjunto de palhetas e existem ilustrações que datam de 1100 AC, onde podemos vê-lo em acção.
O primeiro acordeão, na sua forma básica com fole e teclas, foi inventado em 1822, em Berlim. Juntem o som de acordeão, canecas de cerveja, senhores loiros com uns quilos a mais envergando os tradicionais calções e já estão a ver o filme. Não há Oktoberfest sem estes ingredientes. Mas foi em 1829, que um arménio patenteou em Viena o primeiro instrumento chamado accordion. Rapidamente chegou a Inglaterra onde, apesar de alguma oposição - provavelmente das mesmas pessoas que desdenhavam a gaita de foles - ganhou popularidade.
Daí até ao Novo Mundo foi um salto, estabelecendo-se como um dos instrumentos mais importantes do folclore de vários países a partir do início do século XX: na Argentina atingiu o cume com Astor Piazzola (está bem, não é bem um acordeão ou concertina, é um bandoneon, que é uma versão criada para usar em música religiosa, com características próprias, mas que continua a fazer parte da família); no Brasil chegou mesmo a ser importante na música mais comercial, e é a marca sonora da música popular francesa, só para dar alguns exemplos. Quem estiver a ouvir mentalmente o genérico do Allo Allo, levante o braço.
Na verdade, há vários tipos de acordeão: há a concertina, que é um acordeão mais pequeno, muitas vezes com uma caixa hexagonal, só de botões que produzem uma única nota, , enquanto no acordeão produzem acordes. Desenvolvido em paralelo na Alemanha e no Reino Unido, o uso comum e a diferença de preços entre os instrumentos fabricados nesses países levou a que a versão alemã fosse vista como um instrumento do povo, e a inglesa, algo para a classes mais altas. Nunca pensaram que pudesse haver snobs do acordeão, pois não?
Os acordeões, podem ter teclas e botões, ou só botões. Como é um instrumento cromático, do lado direito temos todas as notas, e do lado esquerdo os baixos. O que separa os vários tipos de acordeões é o número de baixos, que podem ir de 12 a 140 (no sistema Stradella). Para além disso, temos os registros, que alteram o som do instrumento.
Portugal tem acordeonistas de topo mundial, que ganham prémios internacionais há mais anos do que Portugal ganha Europeus de futebol. Se quiserem conhecer um pouco da música popular portuguesa para acordeão, recomendamos esta série de vídeos, onde podemos ver alguns intérpretes nacionais a demonstrar toda a sua mestria.
Se os vossos gostos são mais sofisticados, vejam a actuação destes dois jovens acordeonistas portugueses.
O João Gentil tem predileção pelos ritmos argentinos, mas também viaja pelo jazz e música moderna, tendo colaborado com artistas de ambos os lados do Atlântico.
Depois temos o genial João Barradas, que desde novo se distinguiu em inúmeros concursos nacionais e internacionais. É dos maiores e mais incríveis músicos portugueses que devem conhecer. Esta actuação mostra alguns dos seus dotes como compositor e instrumentista, usando uma nova geração de acordeões midi.
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