Angola, diamante musical
A música é uma das maiores riquezas de Angola: como os diamantes, é multifacetada, nasce diretamente da força imensa da terra e, bem polida, reflete inúmeras referências e influências de outras culturas musicais, do samba ao jazz. O veio musical predominantemente rural foi extraído para as cidades, onde se transformou em kizomba, kuduro, e se misturou com o hip hop. Música angolana não é só o Bonga (um dos maiores e mais importantes músicos lusófonos dos últimos 50 anos), é muito mais.
Os géneros tradicionais são caracterizados pelos ritmos sensuais, perfeitos para a dança corpo a corpo. O semba, um dos géneros mais populares e de onde sairam vários estilos modernos, significa “umbigada”, em kimbundo, o que demonstra que a música angolana é para dançar bem junto.
A música angolana foi também muito importante na autodeterminação nacional e cultural do país durante a colonização portuguesa no século XX, sendo o veículo ideal para mensagens de intervenção política. Não era só o fado do angolano pobre e rural, com desgostos de amor e de vida, mas algo mais assertivo e de mira apontada à guerra colonial. Nos anos 60 e 70 a sua matriz original incorporou diversos estilos, como podemos ouvir nesta compilação:
Depois da independência, e com a vinda de muitos angolanos para Portugal e de portugueses que adoravam a música que se fazia na ex-colónia e aquecia o clima temperado nacional, os músicos angolanos puseram uma lança na Europa e, como fazem os bons músicos, receberam as novas correntes musicais que despontavam no hemisfério norte, como o rap.
Das maiores invenções musicais do fim do século passado com grande impacto popular foi o Kuduro, que se internacionalizou com um coletivo que tem tanto de português como de angolano, mas que se tornou num fenómeno mundial.
Nos últimos anos a música angolana entrou no circuito dos festivais de verão como cabeça de cartaz, muito graças ao sucesso comercial de músicos como C4 Pedro, Anselmo Ralph, Yuri da Cunha, entre tantos outros.
“E o Bonga?”, perguntam vocês. Ainda é o Rei, e apostamos que tem muito orgulho desta nova geração. Vai um semba?
No Salão Musical de Lisboa, temos instrumentos para fazer as pessoas dançarem juntinhas. Visitem-nos.